A Câmara Municipal de Rio Branco realizou, na manhã desta segunda-feira, 13, uma audiência pública para discutir a crítica situação do transporte coletivo na capital acreana. A reunião proposta pelo vereador Eber Machado (MDB) visou reunir representantes da Prefeitura, da RBTrans, do Ministério Público, Defensoria Pública, empresas do setor, sindicatos, trabalhadores e a população usuária do sistema — mas nenhum representante oficial da gestão municipal compareceu.
A ausência de autoridades do Executivo foi duramente criticada por Eber Machado, que chamou o atual sistema de transporte de “máfia pública instalada” e responsabilizou diretamente a Prefeitura pela crise no setor. Segundo ele, mais de R$ 200 milhões já foram destinados ao transporte nos últimos anos, mas sem transparência ou melhorias reais.
“Todos foram convidados: prefeito, Ministério Público, Defensoria, empresários, sindicatos… mas ninguém veio. Isso mostra o descaso com o transporte público e com a população. Nós estamos aqui cumprindo nosso papel. Já era para estarmos discutindo a modernização do sistema. Em vez disso, estamos convivendo com ônibus quebrados, atrasos e caos”, declarou o vereador.
Entre os presentes, destacaram-se estudantes da Universidade Federal do Acre (Ufac) e representantes comunitários, que ocuparam os assentos do plenário para relatar os inúmeros problemas enfrentados diariamente com o transporte público da Capital.
Vitória Bezerra de Castro, estudante de Biologia da Ufac, destacou o impacto direto da precariedade do transporte na educação e na vida dos estudantes.
“Transporte público é um direito básico. Sem ele, o estudante chega atrasado, chega com fome, perde aula. Isso não é só na universidade, mas também nas escolas públicas. Muitos trabalhadores saem de casa às 4h da manhã por medo de perder o emprego por causa de ônibus quebrado”, afirmou.
Segundo ela, ônibus quebram diariamente, há atrasos constantes e falta de informação sobre horários e rotas. “Temos grupos de WhatsApp só para descobrir onde está o ônibus, porque nem isso é certo”, relatou.
Promessa de mobilização popular no dia 20
Diante da ausência da Prefeitura e da RBTrans — cujo superintendente, Clendes Vilas Boas, também não apareceu —, estudantes e lideranças populares anunciaram uma mobilização para a próxima segunda-feira, dia 20 de outubro, em frente ao Terminal Urbano de Rio Branco, a partir das 8h, como forma de pressionar o poder público.
“Estamos cansados de esperar respostas que não vêm. A cidade está parada, e o transporte coletivo é uma vergonha. Vamos às ruas mostrar que esse problema precisa ser resolvido com urgência”, declarou um representante da União de Moradores de Rio Branco (UMARB)
Ao final da audiência, os participantes decidiram redigir um documento oficial com os principais pontos debatidos, que será encaminhado para a Prefeitura de Rio Branco, Ministério Público do Acre, Defensoria Pública, RBTrans e Câmara Municipal. O documento pedirá providências imediatas quanto à situação do transporte coletivo e exigirá a abertura das contas públicas do sistema.