O deputado estadual Arlenilson Cunha (PL) abordou durante sua participação no podcast Papo Informal desta quinta-feira, 10, sobre o limite entre religião e política. Questionado pelo jornalista Luciano Tavares se acredita no Estado laico e se considera legítimo o uso de argumentos religiosos para influenciar votos, o parlamentar defendeu a separação entre fé e poder político, embora tenha reafirmado sua crença cristã.
“Sim, eu acredito no Estado laico. Quando você fala em Deus, eu acredito no Deus soberano, o Deus da Bíblia, criador. Mas também defendo plenamente a liberdade de crença, o direito de cada um escolher sua religião”, afirmou.
Ao ser provocado por Tavares sobre manifestações religiosas em ambientes institucionais, como a inscrição “Deus seja louvado” nas cédulas de real — Arlenilson opinou que a menção não necessariamente configura violação à laicidade, mas reforçou que o Estado deve garantir o direito à diversidade de pensamento.
O parlamentar foi direto ao dizer que é contrário à prática de líderes religiosos que, dentro de templos, orientam fiéis a votar em determinados candidatos. Para ele, esse tipo de imposição é prejudicial à democracia e fere o princípio da liberdade individual.
“Sou contra o pastor subir no púlpito e dizer: ‘Esse aqui é o candidato, tem que votar nele’. Tudo o que é imposto, gera o oposto. O líder religioso tem a obrigação de orientar, esclarecer, mas jamais impor. A escolha é livre, o voto é livre. A liberdade de pensamento tem que ser respeitada.”
Cunha, que é evangélico e ligado à Assembleia de Deus, afirmou ainda que nunca utilizou um templo religioso como espaço para pedir votos.
“Nunca reuni ninguém dentro de templo para pedir voto. Peço o voto das pessoas com quem me relaciono, sejam crentes ou não, porque acredito que elas votam pelo que eu represento, não pela minha religião.”
Apesar de sua posição religiosa ser amplamente conhecida, Arlenilson disse acreditar que o convencimento político deve se dar com base em propostas, valores e atitudes públicas, e não por meio da instrumentalização da fé.
“A pessoa tem que votar em você pelo que você representa, pelo que você defende. Como dizia Sócrates: ‘Para vencer, é preciso convencer’. A política deve ser construída pelo diálogo, não pelo uso da fé como atalho para o poder”, afirmou.