“A situação é gravíssima!”, afirmou a conselheira Naluh Gouveia durante coletiva na sede do Tribunal de Contas do Estado ao falar sobre as graves denúncias veiculadas pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (8), sobre as precárias condições enfrentadas por estudantes e professores da comunidade Limoeiro, no município de Bujari.
A coletiva foi conduzida pela presidente da Corte de Contas, conselheira Dulce Benício, que detalhou as providências já adotadas pelo TCE-AC diante da situação. Na oportunidade , ela reforçou o compromisso da instituição com a fiscalização da educação pública no estado.
A presidente do TCE relatou, entre outras coisas, que em recente visita a uma escola na Transacreana, técnicos do órgão flagraram água contaminada no estabelecimento de ensino.
“Vamos encaminhar ao MP para que haja uma ação antecipada do Tribunal para impedir que essas situações ocorram”, disse.
“É uma situação gravíssima. Poços com água não tratada, professores limpando escolas, alunos participando da limpeza.
Sem falar do quanto de dinheiro que nós estamos perdendo. Informações para o senso não estão sendo dadas. A situação é um absurdo”, disparou Naluh.
Na coletiva foi apresentado um relatório técnico das fiscalizações realizadas recentemente por auditores de controle externo nas escolas do interior do Acre — incluindo visitas a unidades em situação crítica.
Reportagem do Fantástico
Uma equipe do programa Fantástico, da TV Globo, esteve no Acre para investigar uma denúncia que expõe o descaso com a educação na zona rural do município de Bujari. A revista eletrônica destacou que crianças assistem aula em um antigo curral, sem paredes, piso ou água encanada, na comunidade do Limoeiro, a cerca de 10 km da escola-sede mais próxima.
Ao Fantástico, o governo do Acre e a prefeitura de Bujari justificaram que os alunos foram levados para o antigo curral porque o acesso à escola-sede é difícil. A equipe de jornalismo da Globo tentou chegar ao local e enfrentou atolamentos na estrada. Quando conseguiram, encontraram a escola fechada, com paredes descascadas, livros sujos e banheiros interditados — além de um ninho de marimbondos no chuveiro.
A rede educacional rural no Acre é gerida por uma parceria entre Estado e municípios. A coordenadora local, Rocilda Gomes — que é esposa do prefeito de Bujari —, afirmou ser contra o retorno às aulas no curral após as férias, mas que a decisão partiu dos próprios pais dos alunos.
Ela pediu a suspensão temporária das aulas até a construção de uma nova unidade de madeira, com paredes. Já o secretário estadual de Educação, Aberson Carvalho, prometeu uma nova escola com mais salas em até 40 dias. “O custo da educação no campo é muito alto”, afirmou. Apesar das promessas, as aulas no antigo curral continuam. “Não serão suspensas. Temos um calendário a cumprir. Um dia de sol é precioso, porque no inverno não tem aula”, justificou o gestor.