O secretário de Assistência Social de Rio Branco, João Marcos Luz, concedeu entrevista ao NH na manhã desta segunda-feira, 14, para esclarecer a polêmica em torno da atual situação do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), localizado na área central da cidade.
Luz revelou que o local vem sendo desvirtuado de sua função original, e denunciou que a desorganização tem colocado em risco até mesmo a segurança dos servidores.
Segundo o secretário, cerca de 60% das pessoas que hoje buscam alimentação no Centro Pop não estão cadastradas nos serviços da assistência social. “Eu lhe afirmo que 60% das pessoas que estão lá agora na hora do almoço não são referenciadas. Não são referenciadas. Mas como é que tem o controle hoje? Na ameaça. Hoje os nossos funcionários recebem ameaça, são ameaçados. Se não der a comida, eles são ameaçados. Essa é a verdade. Essa é a grande verdade”, declarou.
O gestor reforçou que o Centro Pop não é uma casa terapêutica ou de recuperação, mas sim um escritório de apoio voltado para atender pessoas em situação de rua, oferecendo encaminhamentos para documentos civis, atendimentos de saúde e inclusão em programas de qualificação e reinserção social. No entanto, segundo ele, o local atualmente tem sido utilizado de forma indevida, com foco quase exclusivo na distribuição de refeições.
“O Centro Pop se tornou um restaurante desorganizado. A infraestrutura é muito precária. Inclusive, a Defesa Civil condenou o prédio. A desorganização é total. O pessoal ali do Papoco já tomou conta de lá, afastando quem realmente está em situação de rua e precisa do serviço”, afirmou.
O secretário também destacou que a localização do Centro Pop, próximo a uma boca de fumo, contribui para a vulnerabilidade do espaço e reforçou a necessidade urgente de mudança.
“É ponto pacífico que nós vamos tirar o Centro Pop de lá. Agora, a grande questão é: para onde vai? As pessoas não querem, mas não querem porque, quando olham essa bagunça, ninguém quer. Por isso, nós precisamos conscientizar a população de que o Centro Pop é só um escritório que vai receber e encaminhar”, disse.
Com apoio do Ministério Público (MPAC), uma audiência pública será realizada nesta terça-feira, 15, para discutir o novo local da unidade com os moradores da região. “Nós vamos tranquilizar as pessoas para que a gente mude o Centro Pop para uma região mais próxima de unidades que têm tudo a ver com o perfil do serviço. Porque isso é um problema da sociedade, de todos nós”, pontuou Luz.
Por fim, ele reafirmou o compromisso da gestão municipal em combater a permanência das pessoas nas ruas, oferecendo alternativas reais de acolhimento e reinserção. “Não temos política para manter as pessoas na rua. O que nós queremos é tirar da rua. E o primeiro passo é montar o Centro Pop, porque é ele que recebe e depois encaminha: para as casas terapêuticas, para a saúde, para cursos, até para o mercado de trabalho”, concluiu.