Rio Branco aparece na 96ª posição entre as 100 cidades brasileiras com os piores índices de saneamento básico, segundo levantamento do Instituto Trata Brasil. Mesmo com baixa cobertura de água tratada e coleta de esgoto, a Capital acreana segue como uma das poucas do ranking sem previsão de concessão ou privatização do setor.
O estudo aponta que o investimento médio anual em saneamento na cidade é de apenas R$ 81,50 por habitante, valor muito abaixo do ideal, estimado em R$ 223. Especialistas afirmam que o montante é insuficiente para atender à demanda por ampliação da rede de água e esgoto.
Enquanto outras cidades em situação semelhante recorreram a concessões e parcerias público-privadas (PPPs), Rio Branco mantém a gestão sob responsabilidade do Serviço de Água e Esgoto (Saerb). O prefeito Tião Bocalom, desde sua primeira eleição, rejeita a possibilidade de privatização, apostando na recuperação da autarquia. Contudo, o órgão enfrenta dificuldades crônicas na produção, distribuição de água e expansão da rede de esgoto.
Dos 20 municípios com piores resultados no levantamento, 16 já aderiram ou devem aderir a concessões até 2026. Santarém (PA), última colocada, com apenas 4% de coleta de esgoto, já repassou a gestão para a iniciativa privada. Porto Velho (RO), em 99º lugar, abriu licitação para concessão plena, com investimentos previstos de R$ 4,3 bilhões e início das operações em 2026.
A presença do setor privado em cidades com indicadores críticos contradiz a ideia de que o marco legal do saneamento, aprovado em 2020, favoreceria apenas municípios mais lucrativos. Para especialistas, os investimentos têm se direcionado justamente às regiões mais carentes.
Enquanto isso, Rio Branco continua sem movimentos concretos em direção a concessões ou PPPs, permanecendo dependente da gestão municipal para enfrentar um dos principais gargalos de infraestrutura da Capital.