Após a Operação Suçuarana deflagrada pelo ICMBio, produtores rurais da Reserva Extrativista Chico Mendes lotam a Galeria Marina Silva, na Assembleia Legislativa do Acre, nesta terça-feira (17). Em protesto, os trabalhadores afirmam que a ministra do Meio Ambiente não representa os acreanos, mas sim os interesses de São Paulo, estado em que Marina foi eleita deputada federal.
Com cartazes “produtor não é bandido”, o grupo busca ser recebido pelos parlamentares estaduais que compõem a Comissão de Agricultura.
Em protesto à Marina, os manifestantes colaram na placa indicativa uma referência ao estado de São Paulo: Salão do Povo Marina Silva, de São Paulo.
Eles pedem a revisão na decisão que ordenou a retirada dos rebanhos bovinos e a desocupação de áreas, bem como uma nova demarcação dos limites da Resex.
O produtor rural e ex-deputado estadual, Geraldo Pereira, defendeu a redemarcação de todas as reservas do Acre. Ele disse que o governo federal falhou ao conduzir, por exemplo, a administração da Resex Chico Mendes.
“Vamos fazer um grande acordo, o mais decente de todos os tempos: suspende esses embargos, essas multas por 10 anos e, a cada ano, se o produtor obedecer o que for pactuado, cai 10%. E, ao final dos 10 anos, estão livres de todas as multas sem pegar um real, mas com o compromisso de fogo zero, desmate zero, enquanto os governos federal e estadual replanejam o uso do solo do Acre. A redemarcação da floresta Chico Mendes, para que 900 mil hectares? A redemarcação de todas as reservas para o bem do estado do Acre, para o bem das nossas famílias. É simples”, frisou.
Laércio, produtor rural da estrada Transacreana, afirmou que os agricultores estão com medo após os últimos acontecimentos, em função da Operação Suçuarana. “É inadmissível aceitarmos esse condicionamento imposto. As pessoas não podem trabalhar. Eu quero chamar a atenção da nossa bancada, fazer um debate onde todos os protagonistas têm que estar presentes. As pessoas foram pegas de surpresa”.
O produtor rural Augusto disse que a agricultura familiar move o Produto Interno Bruto do Acre. Ele frisou que os agricultores estão sendo impedidos de trabalhar. “Nós queremos que essa Casa se junte a nós. Fazermos um pacto para que este estado continue existindo. A economia do nosso estado vai inclinar. Nós somos responsáveis por 28% do PIB desse estado. Nós somos os pequenos, criadores de vaca, de novinhas, de bezerros, coletamos castanha, plantamos a macaxeira, o feijão, o arroz, a verdura e os legumes que abastecem os nossos mercados. Não podemos trabalhar, não podemos aceitar isso”.