Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) sobre o encerramento do exercício financeiro de 2025 revela um cenário de equilíbrio parcial nas contas das prefeituras acreanas. Embora os municípios do estado consigam manter salários e o pagamento do 13º dos servidores em dia, os dados acendem um alerta para problemas estruturais, como restos a pagar sem cobertura financeira e atrasos no pagamento de fornecedores.
A pesquisa analisa os impactos do fechamento das contas municipais e trabalha apenas com dados agregados por estado, região e porte populacional, sem identificar individualmente as prefeituras participantes. No Acre, 35% dos municípios informaram que devem encerrar o ano deixando restos a pagar sem lastro financeiro para o exercício seguinte — percentual superior à média nacional, que é de 31%. Na Região Norte, o índice chega a 38%.
Para a Associação dos Municípios do Acre (Amac), o resultado expõe fragilidades históricas no financiamento das administrações locais. Segundo a entidade, o cenário não pode ser atribuído, de forma generalizada, à má gestão, mas sim a limitações estruturais. Mais de 80% dos municípios acreanos dependem fortemente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma receita sensível às oscilações da economia nacional e insuficiente para atender às demandas locais.
Apesar das dificuldades, o estudo aponta desempenho positivo no cumprimento das obrigações com os servidores. Todos os municípios acreanos que responderam à pesquisa afirmaram que os salários do funcionalismo estão em dia, resultado semelhante ao observado no cenário nacional. Quando o recorte é a folha de pagamento de dezembro, o Acre aparece acima da média do país: 100% das prefeituras informaram que conseguirão pagar a folha dentro do prazo, ante 93,3% no Brasil e 88% na Região Norte.
Em relação ao 13º salário, 76% dos municípios do Acre optaram pelo pagamento parcelado, acompanhando a tendência nacional, enquanto 24% informaram que quitarão o benefício em parcela única. No momento da pesquisa, 76% já haviam pago a primeira parcela ou a parcela única, e outros 18% afirmaram que cumpririam o prazo legal. A segunda parcela deverá ser quitada até 20 de dezembro em todos os municípios do estado.
O levantamento também destaca a importância do repasse adicional de 1% do FPM, pago em dezembro. No Acre, 100% das prefeituras afirmaram que o recurso é fundamental para garantir o pagamento do 13º salário — percentual acima da média nacional, de 94,7%. Para a Amac, o dado reforça o papel estratégico do repasse extra para aliviar a pressão sobre os cofres municipais no fim do ano.
Por outro lado, o pagamento de fornecedores segue como um dos principais pontos de tensão fiscal. No Acre, 53% dos municípios relataram atrasos, índice bem superior à média nacional (28,8%) e também acima do resultado agregado da Região Norte (37%). Além disso, 71% das prefeituras acreanas acreditam que conseguirão fechar as contas de 2025, percentual ligeiramente inferior à média brasileira, que chega a 78,9%.
Mesmo diante das restrições financeiras, a pesquisa revela um clima de otimismo moderado entre os gestores municipais. No Estado, 65% avaliam que a economia em 2026 será “boa” ou “muito boa”, índice acima da média nacional, de 44,6%, e também superior ao observado na Região Norte.
Para a Amac, o sentimento positivo reflete a resiliência dos prefeitos, mas precisa vir acompanhado de mudanças estruturais. A entidade defende pautas como a revisão do pacto federativo, maior justiça na reforma tributária, compensações financeiras aos municípios que preservam a floresta, investimentos em infraestrutura logística e fortalecimento das cadeias produtivas locais. Segundo a associação, apenas com um esforço conjunto entre municípios, estado e União será possível garantir equilíbrio fiscal e serviços públicos de qualidade à população.
