A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), oficializou na manhã desta sexta-feira, 10, a transferência do acervo arqueológico municipal para a Universidade Federal do Acre (UFAC). De acordo com o Executivo, a ação marca um importante avanço na preservação do patrimônio cultural acreano e fortalece a parceria institucional entre o município e a universidade.
O acervo, composto por peças com até dois mil anos de antiguidade, como cerâmicas e artefatos de povos originários da região, estava sob a guarda da FGB e será agora custodiado e disponibilizado para pesquisa e visitação na UFAC.
Bocalom destacou a relevância da transferência para o fortalecimento da memória histórica do Estado.
"É muito importante que a UFAC receba esse material, porque a universidade tem condições de preservá-lo, estudá-lo e torná-lo acessível para visitação. São peças com até dois mil anos de história, que ajudam a contar a trajetória do nosso povo. A Prefeitura, infelizmente, ainda não dispõe de um espaço adequado, mas a UFAC já tem essa estrutura, então essa parceria é fundamental para valorizar a nossa história."
A parceria integra um termo de cooperação entre a Prefeitura de Rio Branco e a UFAC, com duração inicial de cinco anos, durante os quais o acervo ficará sob responsabilidade do Centro de Arqueologia e Antropologia Indígena da Amazônia Ocidental (CAAINAM), dentro da universidade.
Participação do Iphan e envolvimento do MPF
Segundo Antônia Barbosa, superintendente substituta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Acre, o processo de transferência é resultado de um esforço conjunto que envolveu também o Ministério Público Federal (MPF).
"Esse é um marco importante. Há bastante tempo estamos nessa negociação. A Prefeitura firmou o acordo com a UFAC porque, neste momento, não tem condições de manter o acervo no Parque Capitão Ciríaco. O patrimônio é da União, protegido por lei, e o Iphan atua como órgão fiscalizador para garantir que ele seja bem guardado e preservado."
Ela também ressaltou que a transferência amplia as possibilidades de pesquisa no Estado.
"Há poucas pesquisas sobre os povos originários no Acre. Esse acervo, composto por vestígios de populações pré-colombianas, agora poderá ser estudado e difundido por meio da universidade."
José Wilson, coordenador de Patrimônio Histórico da FGB, explicou que o acervo foi cuidadosamente higienizado, catalogado e está pronto para ser manipulado segundo as normas técnicas. “É uma permuta por cinco anos, até que o município possa ter um museu próprio. A UFAC oferece o ambiente ideal para conservação e estudo, e os estudantes de arqueologia terão acesso ao material. A FGB continuará acompanhando esse processo, com nossa arqueóloga à disposição."
A UFAC como guardiã e difusora do conhecimento
Representando o CAAINAM/UFAC, o professor Jacó César Piccoli ressaltou a importância científica da transferência para o desenvolvimento da arqueologia na região. “A universidade se sente honrada em oferecer condições de custódia e conservação para esse acervo tão valioso. Esperamos extrair dele informações que contribuam para a compreensão da ocupação humana na Amazônia Sul-Ocidental e enriquecer o conhecimento científico sobre os povos que viveram aqui há milhares de anos”, frisou o educador.