A ministra do Meio Ambiente, a acreana Marina Silva, deve desembarcar da Rede Sustentabilidade, após desentendimento com a presidenta Heloísa Helena. Ela disse à Veja que manteve conversas, ainda que tímidas com o PSB, do prefeito de Recife, João Campos, filho de Eduardo Campos, e com o próximo PT, partido do presidente Lula. Marina ainda está indecisa se disputará uma vaga ao Senado Federal, por São Paulo, estado que a elegeu em 2022 deputada federal.
Caso se concretize sua saída da Rede, isso poderá ter implicações nas pretensões do partido no Acre, que pretende lançar a candidatura de Inácio Moreira ao Senado.
Leia trechos da entrevista
Após tantas crises, a senhora planeja deixar a Rede Sustentabilidade, partido que ajudou a fundar?
Essa é uma decisão que, se vier, será tomada no tempo certo. Neste momento, estou focada na reeleição do presidente Lula e em ajudar São Paulo a ter a melhor alternativa possível. Fundei a Rede para ser uma sigla diferente, com estatuto inovador, sem presidente. Infelizmente, as discordâncias internas se agravaram e chegaram à Justiça.
Qual a origem dos desentendimentos com a ala da presidente da sigla, Heloísa Helena, contra quem seu grupo moveu ações sobre fraude eleitoral e gastos públicos indevidos, entre outras irregularidades?
Eles começaram lá atrás, em 2018, quando fui contra a fusão com o Cidadania, que acabou não saindo. As diferenças de visão entre nós ficaram bem evidentes ali. Agora, é preciso deixar claro: não encaro questões dessa natureza como algo pessoal.
A senhora recebeu convite para voltar ao PSB?
O prefeito de Recife, João Campos, me fez uma visita quando foi eleito presidente do partido, há três meses. Era um gesto de amizade, pelo fato de eu ter sido vice do pai dele, em 2014. Nesse encontro, alguém perguntou como andavam as coisas na Rede e respondi que estávamos trabalhando para superar as divergências. “Confesso que não estou torcendo para isso”, falou um dos presentes. E parou aí. Não houve convite formal.
Isso parece um sinal de fumaça. Há fogo? Posso dizer que tenho conversado com várias lideranças. Estive com Edinho Silva, presidente do PT, e com o vice-presidente Geraldo Alckmin, especialmente para pensarmos a situação em São Paulo. Todos os quadros com relevância no âmbito da frente ampla que formamos têm de se pôr à disposição para contribuir com o processo eleitoral de 2026. Iremos discutir qual é a melhor ajuda que cada um pode dar.
A propósito de São Paulo, a senhora pretende concorrer ao Senado pelo estado no ano que vem?
Por enquanto, minha prioridade é ajudar o ministro Fernando Haddad. Ele tem dito que não quer ser candidato, mas torço para que concorra ao Senado ou ao governo. Sei das responsabilidades que temos em São Paulo: o atual ocupante do Palácio Bandeirantes, Tarcísio de Freitas, defende ideias como a anistia para os condenados pelo Supremo na trama golpista e indulto para Jair Bolsonaro. É inaceitável.