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POLÍTICA

População de rua cobra dignidade e repudia mudança do Centro Pop em carta lida na Câmara por líder comunitário

População de rua cobra dignidade e repudia mudança do Centro Pop em carta lida na Câmara por líder comunitário

Durante uma reunião realizada na manhã desta terça-feira, 20, na Câmara Municipal de Rio Branco, entre vereadores e moradores dos bairros da Baixada da Sobral, incluindo Castelo Branco, Volta Seca, Sobral, Ayrton Sena, João Eduardo, entre outros, foi lida uma carta impactante redigida pelo Movimento Acreano da População em Situação de Rua (MAPSIR).

A leitura foi feita por Elson Constância, vice-presidente da Associação do Conjunto Castelo Branco, e trouxe à tona denúncias de abandono, violações de direitos e o apelo por políticas públicas mais humanas e inclusivas para pessoas em situação de rua.

A carta, endereçada ao Comitê do Tribunal de Justiça do Acre da População em Situação de Rua, expõe a trajetória de luta do movimento, criado oficialmente em 2016, e relata o constante descaso por parte da Prefeitura de Rio Branco no atendimento às necessidades dessa população.

Segundo o documento, embora o Estado tenha mantido o funcionamento do comitê estadual e promovido ações para a elaboração de políticas públicas, o município tem falhado na execução de equipamentos sociais, como abrigos e o Centro Pop, cuja estrutura é considerada precária e insuficiente.

O texto denuncia ainda a ausência de diálogo da gestão municipal com o movimento e a tentativa de relocação do Centro Pop para fora da área central da cidade — onde se concentra a maior parte da população em situação de rua.

"Não queremos a saída do Centro Pop do centro. É neste território que tiramos nosso sustento como guardadores de carros, ambulantes e carregadores de mercadorias", diz um trecho da carta. O documento também critica a gestão da Secretaria Municipal de Assistência Social, acusando a pasta de tomar decisões unilaterais sem ouvir quem vive as dificuldades nas ruas.

A carta também cobra o cumprimento do Plano “Ruas Visíveis”, assinado pela Prefeitura em 2024 com participação ativa do movimento, e alerta que, sem a escuta e inclusão efetiva da população de rua, qualquer plano será ineficaz. “Nada sobre nós sem nós”, reforça o movimento.

Em tom contundente, o texto fala sobre o estigma e a discriminação enfrentados diariamente por essas pessoas, apontando para um cenário de “aporofobia” — aversão aos pobres — que se manifesta tanto nas ações do poder público quanto em parte da sociedade civil. "Chega de sermos tratados como lixo pelo poder público e por muitos moradores da cidade. Queremos dignidade, ser respeitados como gente", afirma o MAPSIR.

Além da crítica, a carta apresenta propostas concretas: criação de programas de moradia, geração de emprego e renda, incentivo à cultura e à saúde, além da formação de cooperativas, como uma de reciclagem, para fomentar a autonomia da população de rua. Também solicita a inclusão de pessoas em situação de rua nas equipes dos equipamentos sociais e o fortalecimento do trabalho do Consultório na Rua e da Abordagem Social.

Os vereadores presentes ouviram atentamente os relatos e prometeram levar as demandas ao prefeito Tião Bocalom e à Secretaria de Assistência Social.