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POLÍTICA

Perpétua Almeida, 'a deputada comunista', é recebida com honras pelo general Mourão

Perpétua Almeida, 'a deputada comunista', é recebida com honras pelo general Mourão

Parlamentar comunista pediu reforço nas ações de fiscalização da fronteira do Acre com a Bolívia e o peru, e fez convite para que vice-presidente faça uma visita ao estado  

Dos oito deputados federais eleitos pelo Acre na eleição de 2018, apenas um estava filiado a partido com ideologia de esquerda, após este grupo já ter ficado com metade das cadeiras na última legislatura e com as três cadeiras no Senado.

Perpétua Almeida, do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, retornava à Câmara dos Deputados depois de quatro anos fora. Em 2014, disputou e perdeu para Gladson Cameli (Progressistas) a única vaga disponível para o Senado.

Ano passado, ela sobreviveu ao tsunami conservador que saiu das urnas impulsionado pelo fenômeno incorporado por Jair Bolsonaro (PSL). Por aqui, o então presidenciável recebeu a maior votação proporcional do país. Já a comunista recebeu 18.374 votos, ficando na sexta colocação.

Perpétua Almeida é a “deputada vermelha” bem-aventurada entre os conservadores. Mesmo integrando a minoria, ela não tem se intimidado e atua em Brasília para furar o bloqueio da extrema direita, fazendo valer seu mandato. Para tanto, ela recorre aos setores menos radicais (do ponto de vista ideológico), representado pela ala militar do governo.   

Na última segunda-feira, 22, por exemplo, ela foi recebida pelo vice-presidente Hamilton Mourão no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República.

O general, aliás, vem sendo alvo de ataques ofensivos por parte dos filhos do presidente Bolsonaro, em especial Carlos, o 02, por seus posicionamentos e declarações que vão de frente a todas as bravatas propagadas pelo grupo abrigado no Palácio do Planalto.

Ao contrário dos demais integrantes do governo, Mourão não reza na cartilha do astrólogo aposentado Olavo de Carvalho que, na busca de um inimigo invisível, declara guerra a uma possível tentativa de transformar o Brasil num país comunista, com apoio até de parte dos militares. O Olavo Carvalho, radicado nos Estados Unidos, fez ataques a Mourão recentemente.  

Enquanto é atacado, Mourão faz a política da boa vizinhança em seu sentido mais macro, recebendo parlamentares dos mais diversos matizes partidários. A agenda com Perpétua Almeida é o exemplo mais claro disso.

A parlamentar comunista teve como pauta principal com o vice-presidente um pedido para que o governo federal faça um reforço nas ações de fiscalização da fronteira, sobretudo com o uso do Exército.

Tendo como vizinhos os dois maiores produtores de drogas do mundo (Bolívia e Peru), o Acre passou a ser terreno fértil para a atuação das facções criminosas em sua guerra sangrenta pelo controle da rota do tráfico.

Laços militares

A proximidade de Perpétua com os membros das Forças Armadas não é de hoje. Ela vem desde os tempos em que foi membro da Comissão de Defesa Nacional da Câmara durante suas primeiras passagens pela Casa, e quando chefiou uma secretaria no Ministério da Defesa, durante o curto segundo mandato de Dilma Rousseff (PT).

“Acredito que ele não me recebeu apenas pelo fato de que já nos conhecíamos, pois estávamos quase no mesmo ambiente de trabalho. Eu no Ministério da Defesa e ele no Exército. Creio que me recebeu por ele ser o vice-presidente da República e eu ser uma deputada federal representando meu estado”, disse Perpétua ao Notícias da Hora.

A parlamentar convidou Mourão para visitar o Acre. O vice-presidente se disponibilizou a fazer a visita, marcando a agenda tão logo retorne de sua viagem à China. O país asiático - principal parceiro econômico do Brasil - passou a ser alvo de ataques do governo Bolsonaro por ter em seu comando um partido comunista.

Enquanto os olavetes defendem um alinhamento apenas com os Estados Unidos de Donald Trump, Mourão faz articulações para que os chineses não deem as costas para o Brasil - o que provocaria sérios danos para uma economia já cambaleante.   

Além do convite de vir ao Acre, Perpétua Almeida afirmou ter prestado solidariedade ao vice pelos ataques constantes que sofre do grupo do presidente Jair Bolsonaro.  

“Ele tem a experiência de um militar quatro estrelas. Poucos homens chegam ao posto que o general Mourão chegou dentro das Forças Armadas. Ele não é nenhum incompetente. É um cara que lê muito, que estuda muito, que compreende da política. É preciso dar o devido respeito. E eu percebi que conhece a liturgia do cargo que ele está ocupando”,  comenta a deputada do PCdoB.