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POLÍTICA

“O que eles pedem não é remoção, mas melhorias”, afirmou vereador Fábio Araújo sobre retirada de famílias do Papoco

“O que eles pedem não é remoção, mas melhorias”, afirmou vereador Fábio Araújo sobre retirada de famílias do Papoco

A situação dos moradores do bairro Papoco foi tema de uma audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira, 10, na Câmara Municipal de Rio Branco. O debate foi solicitado pelo vereador Fábio Araújo (MDB), que criticou a intenção da Prefeitura de remover famílias da comunidade e denunciou a ausência de diálogo e de políticas públicas efetivas para a região.

Durante seu pronunciamento, Araújo afirmou que a Prefeitura iniciou um processo de retirada de famílias do Papoco sem realizar um levantamento social adequado. Segundo o parlamentar, o único cadastro feito até o momento se refere aos programas CadÚnico e Bolsa Família, sem estudos específicos sobre a situação das moradias ou as condições das famílias.

“Os moradores alegam que a Prefeitura de Rio Branco não fez o levantamento da retirada. O único levantamento realizado foi sobre o CadÚnico e o Bolsa Família. Fomos até o local, conversamos com a comunidade e vimos que o que eles pedem não é remoção, mas melhorias”, afirmou o vereador.

Araújo relatou que o Ministério Público e a Defensoria Pública foram convidados a participar da audiência, com o objetivo de mediar o diálogo entre a gestão municipal e os moradores. O parlamentar reforçou que as famílias reivindicam obras de infraestrutura e urbanização, e não o deslocamento forçado para outras áreas da cidade.

O vereador lembrou que, desde o início de seu mandato em 2021, vem solicitando melhorias no bairro. Segundo ele, as únicas ações executadas pela Prefeitura foram a construção de duas escadarias e a retirada de lixo em uma das entradas da comunidade, realizadas às vésperas das últimas eleições.

“De lá pra cá, mais nada foi feito. Não foi por falta de pedido ou de cobrança. Já fui várias vezes à Prefeitura, e a resposta é sempre a mesma: ‘está na programação’. Agora somos surpreendidos com essa tentativa de remoção”, criticou.

Araújo também rebateu comentários que classificam o Papoco como “área de drogados” ou “cracolândia”, destacando que o local abriga famílias tradicionais, algumas com mais de 40 anos de residência. Ele sugeriu que o poder público transforme a área, que possui uma vista panorâmica do Rio Acre e da cidade, em um ponto turístico e cultural, em vez de removê-la.

“Ali moram trabalhadores, pais e mães de família. O Papoco tem potencial para ser uma área valorizada, com investimento público. A Prefeitura deveria pensar em revitalizar, não em remover”, defendeu.

O parlamentar também fez um paralelo com outras remoções ocorridas em Rio Branco, como as do bairro Taquari e da Rua Rio Grande do Sul, cujas famílias foram transferidas para o Conjunto Habitacional Cidade do Povo, mas acabaram retornando às áreas de origem.

“Não existe uma política social que garanta que essas famílias permaneçam onde são levadas. Tiraram o pessoal do Taquari, levaram para a Cidade do Povo, e a população voltou. Isso acontece porque faltam políticas que mantenham a qualidade de vida e as condições de deslocamento dessas famílias”, observou Araújo.

Ao final, o vereador fez um apelo para que o Executivo municipal trate o assunto com respeito e sensibilidade social, e pediu mais diálogo com a comunidade. Ele também criticou a postura do secretário João Marcos Luz presente à audiência, a quem acusou de ter sido “deselegante” com uma moradora do Papoco.

“Peço que respeite esta Casa e o povo que aqui está. Essa audiência não é ato político, é um ato de escuta da população”, concluiu o vereador, encerrando a sessão sob aplausos dos moradores presentes.