“Mesmo com o tarifaço sendo ruim para o Brasil, não estamos pessimistas quanto ao dia de amanhã”. A frase é do presidente da Apex-Brasil e ex-senador acreano, Jorge Viana, em entrevista ao portal UOL Notícias nesta sexta-feira, dia 5 de setembro. Ele destacou que o Brasil tem feito o dever de casa nas negociações com outros países para encontrar novos mercados.
“O Brasil fez o dever de casa: abrimos quase 410 [desde o início do governo] com trabalho integrado do Ministério da Agricultura, Itamaraty, Ministério do Desenvolvimento e Apex auxiliando. Ajudou o fato de o presidente Lula ter um perfil agressivo de vender o Brasil”, disse Viana.
O ex-senador acreano não deixou de criticar Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem atuado para que o governo de Donald Trump imponha sanções contra o Brasil. Para Jorge Viana, o tarifaço tem viés político.
“Alguns produtos fora do tarifaço também exportaram menos para os EUA porque as tarifas são inexplicáveis. Foi assumido o componente político e não comercial por conta da ação do filho do ex-presidente [Eduardo Bolsonaro]. Isso gera insegurança [nos importadores]. A incerteza faz as pessoas pensarem se vale a pena manter suas relações comerciais”, explica.
Em outro trecho da entrevista, o petista afirma que a Índia é o principal potencial comprador de produtos brasileiros, junto com o Canadá. Só este último deve comprar US$ 1 bilhão em café do Brasil.
“Buscamos vender mais para os mercados que já foram abertos. Vamos aumentar nossa participação na Austrália. Dias 10 e 11 deste mês vamos para o Canadá, que compra US$ 1 bilhão de café brasileiro. O Brasil pode vender parte o excedente que iria para os EUA. A ideia é ampliar a diversificação: vender mais onde a gente já vende e identificar países sem barreira tarifaria para vender nossos produtos”, frisou.
Veja mais trechos da fala dele concedida ao repórter Wanderley Preite Sobrinho
“A Índia é o país com o maior potencial de crescimento de exportação que temos porque tem a maior população do mundo. Hoje o fluxo de exportação parece o de dez anos atrás porque houve queda no governo passado. A pedido de Lula, a Apex está ajudando a organizar com o Alckmin o maior encontro empresarial que a gente já fez com a Índia.”
“O acordo saiu da Comissão e foi para o Conselho, com perspectiva de assinatura até o final do ano. Será o maior acordo comercial do mundo, US$ 22 trilhões de dólares, maior que o PIB da China [US$ 18 tri] e quase o dos EUA [US$ 29 tri].”
“O presidente Lula insistiu muito politicamente, conversou com líderes europeus, com o secretário do Conselho da UE [Thérèse Blanchet], com a presidente da Comissão Europeia [Ursula von der Leyen]. A mudança na posição dura da França [que resistia ao acordo] vem acompanhada de salvaguardas que criam segurança em casos excepcionais para alguns setores [como a criação de um fundo de socorro ao agronegócio]”.
“O tarifaço também colaborou para que os blocos criassem um melhor ambiente de comércio”.