O prefeito de Rio Branco defende equilíbrio entre preservação ambiental e qualidade de vida humana na COP 30: “Temos que cuidar principalmente do ser humano”
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, foi um dos destaques do painel da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) durante a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada nesta quarta-feira, 12, em Belém. Em seu discurso, o chefe do Executivo municipal defendeu que a preservação ambiental deve caminhar lado a lado com a valorização do ser humano, afirmando que “não se pode escravizar o homem em nome da natureza”.
Bocalom lembrou que chegou ao Acre há mais de 30 anos para trabalhar no ramo madeireiro, quando foi criticado e acusado de ser “antiambientalista”. Entretanto, segundo ele, o tempo mostrou que seu discurso sobre a necessidade de o poder público apoiar efetivamente a produção rural estava correto.

Durante sua gestão como prefeito de Acrelândia, Bocalom apresentou à então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, um projeto de zoneamento por propriedade, que visava realocar famílias de agricultores de áreas improdutivas para regiões mais férteis, permitindo que as áreas degradadas se regenerassem naturalmente.
O gestor destacou iniciativas voltadas à recuperação ambiental e ao fortalecimento da agricultura familiar, como a mecanização agrícola, a correção do solo com calcário e adubo, e a restauração de áreas degradadas. “Com a mecanização, o agricultor não precisa mais derrubar novas áreas de mata nem queimar, o que evita a fumaça que antes invadia a cidade”, explicou.

Outro ponto destacado por Bocalom foi o trabalho de gestão dos resíduos sólidos em Rio Branco. A prefeitura implantou coleta seletiva e melhorou a estrutura do aterro sanitário, além de coordenar, por meio da AMAC e do CINRESO, ações de manejo correto do lixo urbano em outros 21 municípios acreanos. Segundo o prefeito, essas iniciativas já contribuíram para a redução de mais de 4,1 mil hectares de queimadas em áreas urbanas e rurais.
Bocalom também fez um apelo aos países e instituições que financiam projetos ambientais na Amazônia para que considerem as condições de vida das famílias que habitam a floresta.

“Precisamos cuidar dos animais e da floresta, mas temos que cuidar principalmente do ser humano. Há comunidades onde, se alguém adoece, precisa ser carregado em rede por dias até chegar a um posto de saúde. Essa realidade precisa ser levada em conta”, afirmou.
O painel da FNP na COP 30 teve como tema a articulação entre governos locais, setor privado e sociedade civil na implementação dos compromissos climáticos brasileiros. Além de Tião Bocalom, também participou o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.
