O presidente da Associação de Moradores do bairro Papoco, Welliton Pinheiro, fez um apelo emocionado pela permanência das famílias na comunidade e criticou a falta de atenção do poder público às demandas históricas da região.
O pedido foi feito durante audiência pública realizada nesta segunda-feira, 10, na Câmara de Rio Branco, que contou com a presença do promotor Thalles Ferreira, da Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania, do titular da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, João Marcos Luz, de representantes da Defensoria Pública e de moradores.
Para Pinheiro, a audiência representa uma oportunidade de os moradores serem ouvidos diante da proposta de remoção das famílias para o conjunto Rosalinda, medida que tem gerado preocupação entre os residentes.
“Essa audiência pública, pra nós, é ótima, porque hoje contamos com a presença do promotor Thalles e da bancada de vereadores que estão nos ajudando muito sobre essa questão de nos retirar pro Rosa Linda. A nossa comunidade tem medo, por tudo que acontece nos bairros do segundo distrito. Nós não queremos sair do Papoco”, afirmou.
O líder comunitário ressaltou que o Papoco é um bairro histórico e central, onde as famílias têm acesso próximo a escolas, creches e locais de trabalho. Ele defendeu que a Prefeitura de Rio Branco cumpra as promessas feitas anteriormente, como a construção de uma escola, melhorias nas escadarias e implantação de saneamento básico.
“O que a gente queria mesmo é que o prefeito Tião Bocalom olhasse pra nós com mais atenção, pelo que ele prometeu: fazer a nossa escola, ajeitar as escadarias e dar saneamento básico. Nós queremos dignidade, porque moramos ali há anos. Eu mesmo sou morador há 38 anos. É lá que vivi tudo da minha vida. Por isso não quero sair”, declarou.
Em um relato pessoal, Welliton emocionou os presentes ao recordar parte de sua história de vida no bairro, reforçando o vínculo afetivo e simbólico que muitos moradores têm com o Papoco.
Pinheiro também criticou a postura do secretário municipal de Assistência Social, João Marcos Luz, afirmando que ele nunca visitou a comunidade para conhecer a realidade dos moradores e que tem feito declarações equivocadas sobre o perfil dos habitantes da região.
“O secretário fala que lá só mora bandido, traficante, mas isso não é verdade. Lá moram pessoas de bem, trabalhadores, gente da sociedade. Dali já saíram pessoas importantes, como o Charles, que foi diretor do Mercado Elias Mansour. Ele nunca foi lá ver de perto o que é o Papoco”, reclamou.
O presidente da associação reforçou que os moradores não se opõem ao diálogo, mas querem participar das decisões que envolvem o futuro do bairro, exigindo respeito e transparência.