A deputada Dra. Michelle Melo não mediu palavras ao subir à tribuna da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) nesta terça-feira (17). Revoltada com a situação dos produtores rurais atingidos por embargos, multas e operações arbitrárias, a parlamentar acusou o Estado de omissão e classificou como cruel a forma como estão tratando quem vive e produz na floresta.
“O que está acontecendo no Acre é mais do que um problema ambiental. É um atentado social. Quem ataca o produtor rural ataca toda a sociedade. São eles que colocam comida na mesa, que sustentam esse estado. E se continuarem sufocando quem produz, o que vai sobrar é fome, desemprego e miséria espalhada pelo nosso estado inteiro”, disparou.
Michelle deixou claro que não aceita mais desculpas do governo do Estado, que até hoje não regulamentou a lei de compensação florestal, aprovada pela própria Aleac depois de meses de discussão. “O Parlamento fez sua parte. Trabalhou, construiu uma saída, aprovou uma lei. Mas o governo faz o quê? Cruza os braços. Porque não sente a dor de quem acorda todo dia sem saber se vai ter sua propriedade tomada, se vão arrancar seus animais, se vão destruir seu sustento. Essa dor não está no coração do governo. Está no peito do produtor rural, que foi abandonado”, afirmou.
Ela alertou que o que está em risco não é só a produção, mas a dignidade das famílias que vivem na floresta. “Querem floresta de pé? Nós também queremos. Mas antes da floresta, tem quem mora nela. E se não entenderem isso, o Acre vai se transformar em uma terra fantasma, condenada ao desemprego, à fome e ao caos social”, reagiu, em tom firme.
A parlamentar reforçou que sua luta não é contra a preservação, mas contra o extremismo que sufoca quem vive da terra. “O que está em curso é uma política que empurra homens e mulheres honestos para a miséria. E depois querem que essas pessoas façam o quê? Vão viver de quê? Isso aqui é a Amazônia real, onde tem gente, onde tem vida, onde tem família”, frisou.
Por fim, Michelle Melo cobrou união dos deputados, do governo estadual e da bancada federal para enfrentar esse problema de frente. “Ou a gente reage agora, ou estaremos assinando a sentença de morte econômica do Acre. Quem pensa que esse problema é só da zona rural está enganado. Sem produção no campo, a cidade também para. A crise vai bater na porta de todo mundo”, concluiu.