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POLÍTICA

Maioria do STF condena Bolsonaro por tentativa golpista contra a democracia

Maioria do STF condena Bolsonaro por tentativa golpista contra a democracia

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) segue, nesta quinta-feira (11), a julgar o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e os outros sete réus do "núcleo crucial" da tentativa de golpe de Estado no Brasil orquestrada em 2022. A primeira a votar na sessão é a ministra Cármen Lúcia, que será seguida por Cristiano Zanin.

Com o voto da magistrada, o placar está em três votos favoráveis e um contrário à condenação de Bolsonaro e aliados. No entanto, em seu voto, o ministro Luiz Fux concordou em condenar por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito o ex-ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid, e o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto.

Em sua fala inicial, Cármen Lúcia destacou a importância do caso para a sociedade brasileira. "Nestes julgamentos, a conotação é mais grave porque há, de um lado, os direitos fundamentais de todas as pessoas, e, de outro, o direito da sociedade de ter uma resposta", declarou a magistrada.

'GRÃO MALIGNO DA ANTIDEMOCRACIA'

Citando o marco, neste ano, dos 40 anos do início da redemocratização do Brasil, Cármen Lúcia relembrou as eleições gerais e locais que houveram desde a ditadura, os dois processos de impeachment presidencial — da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Fernando Collor — e as manifestações de estudantes e caminhoneiros que mexeram com o País. "Se houve dor, também houve muita esperança. Apesar dos pesares, dos percalços, dos perrengues", pontuou.

Ela destacou, contudo, o período entre 2021 e 2023 — ao que se refere o julgamento desta semana. "Desde 2021, para além da provação mundial da pandemia de Covid-19, novos focos de pesares sociopolíticos brotaram nestas terras", declarou a ministra, acrescentando que nestes anos foi plantado o "grão maligno da antidemocracia, tentando-se romper o ciclo democrático das quase quatro décadas [de democracia] que vinham sendo experimentadas pelo povo brasileiro".

"Em nenhum lugar no mundo, menos ainda aqui, não se tem imunidade absoluta contra o vírus do autoritarismo", continuou ela, ainda em referência à pandemia.

Ela também afirmou que os atos golpistas de 8 de janeiro não foram "um acontecimento banal, depois de um almoço de domingo, quando as pessoas saíram para passear".

MINISTRA CONFIRMA CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Quando deu início à votação do mérito do caso, Cármen Lúcia ressaltou que a Procuradoria Geral da República (PGR) apresentou, na denúncia, "prova cabal" de que o grupo liderado pelo ex-presidente Bolsonaro "desenvolveu e implementou um plano progressivo e sistemático" contra o Estado Democrático de Direito.

Ela citou, também, o modus operandi das ações de descredibilização das urnas eletrônicas, que teriam se utilizado, inclusive, de milícias digitais. "Não são atos soltos. Até mesmo a forma de divulgar que a urna não era crível, que havia fraude nas urnas, o que nunca foi questionado antes. [...] No caso de uma organização criminosa que buscava o poder, que queria atingir e sequestrar a alma da República, impedindo a validade do processo eleitoral, é muito mais grave", destacou a magistrada.

Já sobre os argumentos da defesa de que alguns dos réus não sabiam sobre tudo o que estava sendo feito, a ministra disse: "Em nenhuma organização [criminosa] todo mundo sabe de tudo. Aliás, se souber, talvez nem dê certo", disparou.

CÁRMEN LÚCIA TAMBÉM CONDENA BOLSONARO E ALIADOS POR TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO

No que diz respeito aos crimes de golpe de Estado e de tentar abolir com violência o Estado Democrático de Direito, Cármen Lúcia também votou favoravelmente à condenação do grupo, considerando, por exemplo, os atos do 8 de janeiro de 2023, a convocação dos Kids Pretos e o plano Punhal Verde e Amarelo.

"Tudo isso junto é de enorme violência. Violência praticada, institucional, política", citou a ministra.

RELEMBRE QUEM SÃO OS RÉUS DO ‘NÚCLEO CRUCIAL’ DA TRAMA GOLPISTA

1. Jair Bolsonaro: ex-presidente da República;
2. Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
3. Almir Garnier: ex-comandante da Marinha;
4. Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
5. Augusto Heleno: ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
6. Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa;
7. Walter Braga Netto: ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022;
8. Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O QUE ESTÁ EM JULGAMENTO?
O STF julga a ação penal 2668, que trata da denúncia oferecida pela PGR. São acusados 31 réus, divididos em quatro núcleos:
• Núcleo 1: envolve oito réus, incluindo Bolsonaro, e é considerado o núcleo "central" ou "crucial" da articulação golpista.
• Núcleo 2: conta com seis réus que são acusados de disseminar informações falsas e ataques a instituições democráticas.
• Núcleo 3: é formado por dez réus associados a ataques ao sistema eleitoral e à preparação da ruptura institucional.
• Núcleo 4: sete réus serão julgados por propagação de desinformação e incitação de ataques às instituições.