Durante a recepção da delegação acreana na cidade de Atalaya, no Peru, um líder indígena que vive na região fronteiriça fez um emocionado desabafo sobre as dificuldades enfrentadas pelas comunidades locais. Em sua fala, destacou o isolamento histórico das aldeias e a urgência de integração entre os dois países.
A comitiva brasileira foi composta pelo deputado estadual Luiz Gonzaga, pelo secretário de Planejamento, Ricardo Brandão dos Santos, pelo secretário de Segurança, José Américo Gaia, e pelo secretário adjunto da Casa Civil, Ítalo Medeiros, que estão no país em busca de alternativas para fortalecer a integração entre Brasil e Peru.
Segundo o líder, a rota mais curta para conectar a região ao Peru e ao Brasil parte de Lima até Yurúa, em um percurso de 965,65 quilômetros, muito menos que os 2.700 quilômetros pelas rotas do sul e do norte. De Yurúa ao distrito de Tamaturgo, a viagem pode levar 28 horas em peque-peque, uma pequena embarcação usada nos rios da Amazônia. Já o deslocamento até Cruzeiro do Sul, no Acre, dura cerca de 8 horas em peque-peque, enquanto de Tamaturgo até a cidade brasileira são apenas 30 minutos de voo.
“Vivemos em um distrito que sempre sofreu abandono por parte do Estado, tanto do Brasil quanto do Peru. Não temos estradas, não temos vias de acesso. A pobreza aqui é extrema, reina o abandono total”, relatou.
O indígena ressaltou que a estrada já existe, mas está em condições precárias e precisa apenas de manutenção e limpeza. Para ele, falta vontade política de ambos os governos para transformar essa realidade.
“Queremos apenas a decisão política dos governos de ambos os países, porque precisamos urgentemente da limpeza da estrada. O caminho já existe”, afirmou.
Em tom direto, o líder indígena enviou um recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Quero dizer ao presidente do Brasil: por favor, olhe para a fronteira entre Peru e Brasil, que é Yurúa. Que se conecte, que se faça a estrada. Bem-vindo, Brasil,” disse o líder indígena.
