Um manifesto assinado por diversos povos indígenas do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso demonstra preocupação quanto à utilização de vias de integração com o Porto de Chancay, no Peru. Umas delas é a construção da rodovia Cruzeiro do Sul, no Acre, a Pucallpa, no território peruano. O documento foi apresentado no final do ano passado, em Rondônia.
“A mencionada Rodovia Binacional atravessaria o Parque Nacional da Serra do Divisor, uma das áreas de maior biodiversidade do Planeta e habitat de povos indígenas isolados. Da mesma forma, a proposta da “Ferrovia para o Pacífico”, discutida pelo governo há anos, representa uma ameaça direta à existência desses povos. Além disso, denunciamos as reiteradas iniciativas de prospecção de petróleo nesta região”, afirmam os povos indígenas.
Eles destacam também que se “esses projetos, caso implementados, terão consequências catastróficas para a floresta e para os povos que nela habitam”. E reforçam: “tememos que, com o novo porto de Chancay, no Peru, recentemente inaugurado com a presença do presidente da China, esses empreendimentos ganham novo impulso”.
O manifesto também revela a preocupação com os povos indígenas isolados, como é o caso do povo Mascho, que habita a região do Rio Chandless, no Acre.
“Denunciamos o descaso do governo brasileiro e da Funai em relação aos povos indígenas isolados. O governo tem falhado em reconhecer, demarcar e proteger adequadamente os territórios desses povos, enquanto planeja ou apoia projetos que impactam áreas habitadas por estes povos”, ressalta o documento assinado pelos povos Nawa, Nukini, Huni Kuĩ, do estado do Acre; Apurinã, Jamamadi, Jaminawa, Mura e Munduruku, do estado de Amazonas; Arara, Oro Eu, Cassupá, Aikanã, Oro Waram, Oro Mon, Aruá, Karitiana e Canoé, do estado de Rondônia; Enawene Nawe, Rikbaktsa, do estado Mato Grosso; e comunidades tradicionais em conjunto com o CIMI, CPT, Fundação Rosa de Luxemburgo, WRM e aliados da causa indígena.