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POLÍTICA

Espaço “Tribuna Popular” da Câmara de Rio Branco debate realocação do Centro Pop da área central da Capital: “Nosso papel é ouvir todos os lados”

Espaço “Tribuna Popular” da Câmara de Rio Branco debate realocação do Centro Pop da área central da Capital: “Nosso papel é ouvir todos os lados”

A realocação do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua – o Centro POP, da área central da Capital. Esse foi o tema do espaço “Tribuna Popular” realizada na Câmara de Rio Branco na sessão desta quarta-feira, 16, requerida pelo presidente da Casa, vereador Joabe Lira (União Brasil), e pelo vereador Samir Bestene (PP), reuniu representantes do Ministério Público, comunidade, comerciantes, ex-moradores de rua e autoridades municipais.

O debate expôs os múltiplos aspectos de uma pauta sensível que, há mais de quatro anos, mobiliza não só o Legislativo, mas também setores do Executivo, o Ministério Público, comerciantes e moradores de bairros impactados. A principal proposta em discussão é a saída do Centro POP do centro da cidade, e sua possível transferência para bairros como Castelo Branco, Baixada da Sobral ou região da Floresta.

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“Nossa missão aqui na Terra é cuidar das pessoas, principalmente dos mais necessitados. Nosso papel é ouvir todos os lados”, afirmou Joabe Lira. O parlamentar demonstrou solidariedade tanto aos comerciantes do Centro da cidade quanto aos moradores das comunidades cogitadas para a nova instalação do Centro POP.

“É uma situação triste. Comércios estão fechando as portas, famílias estão perdendo seu sustento. Mas também não podemos impor um problema a outros bairros sem diálogo. Essa Casa cumpre o papel de ouvir os dois lados”, declarou, ao citar relatos de comerciantes do centro e do bairro Castelo Branco, ambos preocupados com os impactos da mudança.

 

Samir Bestene ressaltou que o debate não é novo e que qualquer mudança precisa ser bem planejada. “Essa discussão já ocorre há mais de quatro anos. É um tema complexo, que envolve saúde, segurança e assistência. O problema se agravou porque o Centro POP, por um tempo, deixou de cumprir plenamente sua função social, e virou apenas ponto de entrega de alimentação, sem triagem, sem articulação com outras políticas”, disse.

Bestene também cobrou integração com os serviços de saúde e segurança pública. “Não adianta apenas mudar de lugar. É preciso garantir suporte nos CAPS, fazer parceria com casas terapêuticas, ofertar cursos profissionalizantes. É uma questão de reinserção social e dignidade”, completou.

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Representando o Ministério Público do Acre (MPAC), o promotor Thalles Ferreira Costa destacou que a realocação do Centro POP é fruto de uma decisão judicial e deve ser feita próxima a equipamentos sociais, como postos de saúde e restaurante popular, como preconiza a política nacional.

“Rio Branco, segundo o último censo, deveria ter quatro Centros POP. Estamos atrasados em nossa responsabilidade. Não queremos causar sofrimento a nenhuma comunidade, mas também não podemos continuar criminalizando quem já é violentado todos os dias”, afirmou.

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Thalles também denunciou ameaças recebidas por moradores idosos da região onde se estuda instalar o novo centro. “Essas pessoas não merecem ser hostilizadas. Precisamos de solidariedade, não de confronto”, concluiu.

O líder comunitário Lívio Veras, da Baixada da Sobral, rejeitou a possibilidade de o equipamento ser instalado em sua região sem consulta à comunidade. “Não somos contra o Centro POP, somos contra a imposição. É um problema sério, crônico, mas tem que ser debatido conosco. Não aceitamos que joguem isso aqui sem ouvir quem vive no local”, frisou.

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Marcelo Moura, vice-presidente da Associação Comercial (Acisa), foi enfático ao defender a retirada do Centro Pop da área central da cidade. “O comércio está em colapso. Empresários estão desesperados, sem clientes, trocando fiação por causa de furtos quase diariamente. Precisamos resgatar o centro da cidade”, alertou, ao pedir políticas públicas mais eficazes.

 

Dagmar Neto, que viveu por mais de um ano em situação de rua, compartilhou sua trajetória de superação. “Hoje sou casado, tenho minha profissão, retomei minha vida. Mas sei que para sair daquela realidade, não basta um prédio. É preciso um espaço acolhedor, com profissionais capacitados, e políticas que realmente funcionem”, disse, emocionado.

Ele defendeu que o debate vá além da localização do Centro POP e que seja centrado na efetividade dos serviços prestados. “Quando um sai da rua, toda a sociedade ganha. Não é só o Dagmar, é a minha filha, os meus vizinhos, todos”, pontuou.

O secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, João Marcos Luz, destacou a importância de ampliar a conscientização da sociedade. “Não são bandidos. São pessoas em sofrimento. Queremos mudar esse cenário, cumprir as políticas públicas, criar um fluxo para acolhimento, encaminhamento à saúde, trabalho e tratamento”, explicou. Segundo o gestor, a Prefeitura estuda a região da Floresta como novo ponto para o Centro POP, mas ainda busca consenso. “Com união entre MP, TJ, Prefeitura e sociedade, encontraremos uma solução equilibrada, que atenda a todos”, finalizou.