Com a proximidade das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem articulado uma estratégia para fortalecer sua base no Senado, em um movimento que visa conter o avanço da oposição, especialmente de forças bolsonaristas. O Planalto enxerga o Senado como um campo crucial para a governabilidade no segundo mandato de Lula, e, por isso, tem trabalhado para garantir uma aliança sólida entre o PT, partidos da esquerda e uma ala confiável do Centrão.
Em uma tentativa de aumentar as chances de vitória nas eleições para o Senado, o presidente determinou ao PT que concentre seus esforços em lançar candidatos competitivos para as vagas no Senado, ao invés de investir pesadamente em disputas para governadores. Essa estratégia visa reduzir o número de postulantes às chefias estaduais, permitindo ao partido formar chapas mais robustas e diversificadas com legendas como PSD, MDB e Republicanos, fundamentais para garantir apoio no Congresso.
A renovação do Senado em 2026 será de dois terços de seus integrantes, e, no campo oposicionista, o ex-presidente Jair Bolsonaro já iniciou a estratégia do PL para conquistar o maior número possível de cadeiras. Interlocutores do governo Lula apontam que, se o cenário não for favorável, o presidente poderá perder a governabilidade em um eventual segundo mandato, com alguns até citando a possibilidade de uma "avalanche bolsonarista" nas urnas.
No momento, o governo Lula conta com 39 senadores em sua base, 29 na oposição e 13 senadores que estão em disputa, dependendo da pauta e das articulações políticas. No entanto, a maior preocupação do Palácio do Planalto está no Norte e Centro-Oeste, regiões que abrangem 11 estados e que, segundo cálculos feitos pelos analistas do governo, podem eleger até 22 senadores alinhados com a direita ou extrema-direita. Esse resultado fortaleceria o bolsonarismo, um cenário que o Planalto tenta evitar a todo custo.
O Senado tem um papel fundamental nas decisões políticas do país, incluindo a votação de indicações para o Banco Central, agências reguladoras e embaixadores, além de poder impulsionar pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, garantir uma boa composição da Casa é considerado vital para a continuidade de sua agenda política.
Em consonância com as orientações do Planalto, o PT deve lançar candidaturas ao Senado apenas de nomes com real viabilidade de vitória, tanto de seus próprios quadros quanto de aliados. No Acre, o nome mais cotado até o momento para representar a esquerda no Senado é o do ex-senador e ex-governador Jorge Viana, atual presidente da APEX Brasil. Sua candidatura, caso se confirme, pode ser uma das apostas do PT para garantir uma vaga estratégica no Senado e fortalecer a base do governo Lula na região Norte.