A Diocese de Rio Branco afastou o padre Antônio Menezes das atividades sacerdotais, após o religioso confirmar sua filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e comunicar a intenção de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Acre. A decisão, anunciada neste sábado, 29, e assinada pelo bispo dom Joaquín Pertíñez, determina a suspensão do uso de ordens do sacerdote por tempo indeterminado, com base no Código de Direito Canônico.
Segundo o comunicado oficial, Menezes fica impedido de celebrar sacramentos e de participar de atos religiosos como presbítero, exceto em situações de emergência previstas pela Igreja. A Diocese também proibiu que ele utilize grupos ou canais institucionais para manifestações de caráter político.
O padre, no entanto, afirma que o processo ocorre a seu pedido. Em declarações divulgadas neste sábado, Menezes disse ter solicitado formalmente ao bispo e ao Conselho Presbiteral autorização para se afastar das funções litúrgicas durante a pré-campanha. Ele argumenta que o distanciamento é necessário para evitar qualquer interpretação de uso da Igreja em benefício eleitoral.
“Eu pedi minha liberação exatamente para ter tempo de me dedicar à pré-campanha. Continuo sendo padre, mas escolho, de livre e espontânea vontade, fazer essa experiência na política”, afirmou. Ele disse ainda que pretende retomar a missão sacerdotal após as eleições, caso seja autorizado. “Nada impede que um padre seja político. Há trâmites necessários, e todos estão cientes.”
O presidente estadual do PT, vereador André Kamai, avaliou positivamente a entrada do sacerdote na sigla e destacou que a decisão do bispo foi respeitada. Para Kamai, a atuação de Menezes na política representa outra forma de serviço público. “É uma escolha nobre, dedicada a melhorar a vida do povo que mais precisa. Ele assume uma nova missão sem deixar de lado seus valores”, declarou.
A filiação do padre ocorreu na sexta-feira, 28, durante um ato partidário em Xapuri, cidade natal de Chico Mendes. O evento contou com a presença do presidente nacional do PT, Edinho Silva; do presidente da Apex-Brasil e ex-governador Jorge Viana; do dirigente estadual André Kamai; e do ambientalista Raimundo Mendes.