A baixa cobertura vacinal entre crianças no Acre foi tema de um discurso forte e direto da coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no Estado, Renata Quiles, nesta quinta-feira, 15, durante participação no espaço Tribuna Popular na Câmara de Rio Branco.
Renata chamou atenção para o que considera um dos principais obstáculos à vacinação: a falta de responsabilidade de pais e responsáveis. “Desde a pandemia só se tem falado de imunização, da importância dela, da efetividade da vacina. A vacina é o único meio de prevenir as sequelas que a doença pode deixar. Mas o que falta é sensibilidade dos pais”, afirmou.
A coordenadora declarou que os profissionais de Saúde estão fazendo todos os esforços possíveis para ampliar a cobertura vacinal no estado. “A gente só faltou ir para o semáforo, literalmente vestido de palhaço, e implorar para que os pais vacinem [os filhos]”, desabafou.
Vacinas como a tríplice viral, Covid-19 e Influenza seguem com cobertura abaixo do ideal
Quiles destacou que vacinas fundamentais como a tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), além da vacina contra a Covid-19 e a vacina contra a gripe (Influenza), ainda registram índices abaixo das metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
Apesar da ampla divulgação feita pelas secretarias de saúde e ações constantes nos municípios, a adesão segue baixa. “Não falta informação confiável e de órgãos competentes que defendem a ciência. O que falta é entender que estamos no século XXI, e que a informação deve ser bem utilizada”, disse a coordenadora.
Fake news e desinformação são apontadas como barreiras
Renata também chamou atenção para o impacto das fake news e da desinformação na decisão de muitos pais. “Tem muita informação rolando, mas as pessoas não estão utilizando adequadamente. Não é o que a tia, a prima ou a colega do WhatsApp diz. É preciso buscar fontes confiáveis, que defendem a ciência”, alertou.
Segundo a gestora, o esforço do Estado e dos municípios, por si só, não é suficiente se não houver engajamento da população. “O Estado pode se desdobrar, os municípios podem fazer ação de vacinação todos os dias. Mas, se os pais não colocarem os pés no chão e entenderem que a doença causa mal e que a vacina salva, de nada vai adiantar.”
Os índices de vacinação no Acre têm sido motivo de preocupação desde o período pós-pandemia. A hesitação vacinal, impulsionada por boatos e desinformações, tem sido apontada como um dos principais fatores para a queda nas coberturas, colocando em risco o controle de doenças já eliminadas ou controladas no Brasil.
Renata finalizou o discurso reforçando que vacinar é um ato de amor e responsabilidade. “A vida do teu filho depende da tua atitude”, concluiu.