Agentes efetivos de trânsito da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Rio Branco (RBTrans) estiveram na manhã desta terça-feira, 19, na Câmara de Vereadores para denunciar casos de perseguição e assédio moral dentro da autarquia. O episódio ganhou o apelido de “bola de neve” pelos parlamentares, em referência ao acúmulo de reclamações que vêm sendo apresentadas contra a atual gestão.
Entre os relatos, a agente de trânsito e transporte Denise Santos de Souza Alves, admitida em 2018, e o colega Jonatan Lius relataram práticas de favorecimento interno, falta de condições mínimas de segurança para o trabalho e declarações do superintendente Clendes Vilas Boas que, segundo eles, colocariam a população contra a categoria.
“Fizemos um treinamento para servir a sociedade, mas hoje vemos pessoas sem mérito ocupando funções apenas por interesses pessoais. Além disso, o superintendente nos acusa de formar quadrilha, o que é gravíssimo e ofensivo. A RBTrans não nos garante proteção nenhuma, enquanto um pequeno grupo de agentes recebe privilégios e até escolta policial. Nós, que estamos na rua todos os dias, não temos sequer coletes ou spray de pimenta”, desabafou Denise.
Clendes Vilas Boas, que havia sido convocado para prestar esclarecimentos, não compareceu à sessão. Segundo a assessoria da autarquia, ele alegou problemas de saúde e estaria passando por consultas médicas.
O clima foi de tensão no plenário. O líder do prefeito na Câmara, vereador Márcio Mustafa, reconheceu as denúncias, mas pediu cautela. “É importante ouvir os dois lados. Até agora só temos especulações, fatos concretos ainda não foram apresentados. O superintendente já se retratou por falas infelizes feitas em momento de emoção. Acredito que a Justiça e o Ministério Público, que já abriu investigação, darão os devidos encaminhamentos”, afirmou.
Já o presidente da Casa, vereador Joabe Lira, reforçou que a Câmara cumprirá seu papel de acompanhar as denúncias, mas destacou que a apuração cabe ao Ministério Público. “Nosso dever é garantir o contraditório e o direito à defesa. O Ministério Público já está colhendo oitivas e a investigação segue em andamento. Ao final, será a Justiça quem dará a palavra final”, disse.
Pedido de afastamento
Diante da gravidade dos relatos, um grupo de vereadores protocolou requerimento pedindo o afastamento temporário de Clendes Vilas Boas. O documento, assinado por parlamentares como Aiache, Moacir Júnior, Leoncio Castro, Bruno Moraes, Felipe Tchê, João Paulo, Márcio Mustafa e Samir Bestene, argumenta que o afastamento é necessário para garantir a lisura das investigações, resguardar testemunhas de possíveis pressões e preservar a credibilidade da administração municipal.
O requerimento será encaminhado ao prefeito de Rio Branco para apreciação (se afasta ou não Clendes). Enquanto isso, agentes de trânsito prometem intensificar as denúncias e seguir cobrando melhores condições de trabalho e respeito dentro da RBTrans.