Uma discussão entre as deputadas federais Antônia Lúcia (Republicano-AC) e Socorro Neri (PP-AC) na tarde desta quarta-feira (15) chamou a atenção no plenário da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. O incidente, que precisou da intervenção da Polícia Legislativa e resultou na elaboração de um boletim de ocorrência (BO), expõe uma tensão que, segundo uma das partes, tem origem na disputa por espaço político na pauta educacional.
De acordo com a deputada Antônia Lúcia, autora do BO contra a colega, o estopim do conflito foi a aprovação, em data anterior, do Projeto de Lei 743/2023, de sua relatoria. A proposta estabelece o direito de os professores utilizarem o transporte escolar.
Em entrevista, a parlamentar relatou que o embate ocorreu quando foi cumprimentar Socorro Neri no local. “A encontrei no outro dia na comissão e fui cumprimentá-la, como faço com todos os parlamentares. Então, ela disse ‘bom dia, nada’ e partiu para os insultos”, afirmou Antônia Lúcia.
A deputada disse ter ficado surpresa com a reação, que foi testemunhada por outros parlamentares e assessores. Para ela, a atitude da colega é uma retaliação direta ao sucesso do projeto que relatou. “Ela tentou me desrespeitar. Ficou chateada pela aprovação do projeto, do qual acabei sendo a relatora, e deve ser por isso essa revolta”, avaliou.
Antônia Lúcia não poupou críticas à adversária, que, segundo ela, se autointitula a “deputada da educação”. “Socorro não chega nem perto da ética e do respeito às pessoas que sua mãe sempre teve”, declarou, em referência à mãe de Socorro Neri, que também teve trajetória política.
A decisão de registrar formalmente o ocorrido na Polícia Legislativa, conforme explicou a deputada do Republicanos, foi tomada para coibir comportamentos semelhantes. “O boletim de ocorrência é para servir de exemplo para outros parlamentares que queiram agredir e desrespeitar outros colegas. Isso é inaceitável”, declarou.
Ela enfatizou a necessidade de respeito e diálogo no ambiente parlamentar. “Se ela não sabe conviver no parlamento e dialogar com as pessoas, não pode estar exercendo essa função para a qual foi eleita. A Câmara é Casa de diálogo, de ideias e de respeito entre os parlamentares. Não se pode achar que é mais que os demais”, finalizou.
A reportagem entrou em contato com a deputada Socorro Neri por telefone e mensagens de texto para ouvir sua versão dos fatos e as acusações feitas contra ela. Até a publicação desta matéria, não foi obtida nenhuma resposta. O espaço permanece aberto para o pronunciamento da parlamentar.