O Acre aparece como um dos Estados que mais desperdiçam água tratada no país. Segundo o Estudo de Perdas de Água 2025, divulgado nesta segunda-feira, 24, pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados, 62,25% da água distribuída no estado se perde antes de chegar às torneiras — índice que coloca o Acre entre os três piores do Brasil, ao lado de Alagoas (69,86%) e Roraima (62,51%).
O levantamento, produzido a partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINISA), revela um cenário alarmante: o Brasil desperdiça 5,8 bilhões de m³ de água tratada por ano, o equivalente a 6.346 piscinas olímpicas por dia. Desse volume, mais de 3 bilhões de m³ se perdem apenas em vazamentos, quantidade suficiente para abastecer 50 milhões de pessoas por um ano — mais do que toda a população sem acesso à água no país.
Região Norte lidera perdas; Acre está no centro do problema
A Região Norte, onde estão alguns dos maiores mananciais do país, registra o mais alto índice de perdas: 49,78%. Dentro dela, o Acre apresenta uma das situações mais críticas, reforçando um paradoxo histórico da região: abundância de recursos hídricos combinada com infraestrutura frágil de distribuição.
No Acre, mais de seis em cada dez litros de água tratada se perdem devido a vazamentos, falhas de medição ou consumo irregular. Isso pressiona ainda mais os custos de operação das companhias de abastecimento e, em última instância, o bolso do consumidor.
A perda massiva de água tratada agrava a vulnerabilidade do sistema hídrico brasileiro. O estudo destaca que, se o país reduzisse o índice nacional de perdas dos atuais 40,31% para os 25% previstos pela Portaria 490/2021 do governo federal, seria possível economizar 1,9 bilhão de m³ de água — volume capaz de abastecer 31 milhões de brasileiros em um ano.
A realidade é ainda mais dramática quando se considera que 34 milhões de pessoas no Brasil não têm acesso à água tratada, número muito próximo ao total que poderia ser abastecido com o volume atualmente desperdiçado.
Além do impacto social direto, o desperdício representa pressão adicional sobre rios e mananciais, demandando maior captação e aumentando custos com insumos, energia e manutenção. Em um cenário de secas prolongadas e eventos climáticos extremos, essa ineficiência compromete ainda mais a segurança hídrica.
