Facções impõem “nova soberania” na fronteira pelo domínio das rotas da cocaína peruana que abastecem o centro-sul brasileiro e países da Europa
Entregues à própria sorte. É assim que se sentem as comunidades ribeirinhas e indígenas que residem no Parque Nacional da Serra do Divisor, em Mâncio Lima, no Acre, após a desativação de uma base do Exército Brasileiro, em 2022. O problema foi relatado pelo jornalista Fábio Pontes nesta terça-feira (18).
De acordo com Pontes, em reportagem publicada pelo jornal O Varadouro, essas comunidades têm ficado “ainda mais expostas às violências impostas pelas organizações criminosas ligados ao narcotráfico”.
Conforme já mostrou o Notícias da Hora, a região do Vale do Juruá, com seus rios e igarapés, que dão acesso às cidades acreanas e à BR-364, consequentemente a Rio Branco, essas rotas são intensamente disputadas pelo crime organizado, que traficam cocaína do Peru.
Ainda, segundo o jornalista Fábio Pontes, o desmonte de uma política de proteção das fronteiras abre caminhos para uma “nova soberania” na Amazônia, imposta pelas facções criminosas.
“O Exército operou a base de São Salvador por 20 anos. Recebeu a área do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à época o responsável pela gestão do Parque Nacional da Serra do Divisor. A base militar ficava na porta de entrada da unidade de conservação. Todas as embarcações que subiam e desciam o Moa precisavam passar por inspeção, e os passageiros se identificavam”, relata o jornalista, autor da reportagem “Fechamento de base militar deixa comunidades do Moa expostas a grupos criminosos”.