Crise no sistema penitenciário: servidores relatam doenças, perseguições, suicídios e falta de efetivo. Concursados seguem sem previsão de convocação.
A realidade dos policiais penais do Acre é de colapso. Nos últimos dias, três tragédias envolvendo servidores escancararam a falta de apoio do Estado à categoria. Na última sexta-feira (29/8), o policial penal Edmilson Mourão foi encontrado sem vida, dentro da sua residência. Meses antes, ele relatou que enfrentava graves problemas pulmonares, que o afastaram do trabalho, por vezes, porém voltou à ativa diante da necessidade financeira.
Outro policial penal, vítima de perseguição, acabou entrando em depressão e tentou novamente o suicídio. O policial está internado, se alimentando por sonda. Já um terceiro servidor foi encontrado morto na estrada de Porto Acre, após sair de moto, em meio a problemas de saúde e abandono.
A situação se agrava diante da ausência de novos servidores. Apesar de já ter sido realizado concurso público para a Polícia Penal, os aprovados ainda não foram convocados e não há previsão para chamada. Enquanto isso, o efetivo atual sofre sobrecarga, trabalhando adoecido e sem valorização.
“Antes enterrávamos colegas assassinados por facções. Hoje, estamos sepultando companheiros vítimas do fracasso do sistema, que adoece e abandona seus próprios servidores”, afirma Janes Peteca, secretário-geral dos Servidores Públicos do Acre e ex-presidente da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário.
Segundo Janes Peteca, ele mesmo está há 150 dias afastado após uma cirurgia, sem jamais ter recebido visita ou acompanhamento do órgão. “Estamos esquecidos, doentes e sem amparo”, denuncia.
A denúncia é reforçada por Joelison Ramos, ex-presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Acre e atual diretor da FENASPEN (Federação Nacional dos Policiais Penais). Para ele, o cenário é insustentável: “A Polícia Penal do Acre está adoecida, sofrendo perseguições e sem condições mínimas de trabalho. Precisamos de efetivo, valorização e, sobretudo, respeito à vida dos servidores”.
Pedido de espaço na imprensa
Os dirigentes solicitam que a imprensa local e nacional abra espaço para que eles possam se pronunciar e detalhar a realidade da categoria diretamente à sociedade acreana.
Apelo ao governador
O pedido é direcionado também ao governador Gladson Cameli. Caso não haja resposta, os dirigentes afirmam que irão acionar a mídia nacional, o Ministério dos Direitos Humanos e organismos internacionais.
“Não podemos aceitar que vidas continuem sendo perdidas por descaso e abandono. O Acre precisa olhar com urgência para a sua Polícia Penal”, concluem.