Nove pessoas tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça do Acre por envolvimento na morte de Yara Paulino da Silva, de 27 anos, espancada até a morte em março, após ser injustamente acusada de matar a própria filha, na Cidade do Povo, em Rio Branco.
A decisão atendeu a uma solicitação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com base na conclusão do inquérito. As investigações apontaram que Yara, dependente química, foi vítima de um boato infundado que rapidamente gerou revolta entre moradores da comunidade.
Segundo o delegado Leonardo Ribeiro, a falsa informação indicava que Yara teria assassinado a filha e escondido o corpo em uma área de mata. Um grupo invadiu sua casa; ela tentou fugir, mas foi perseguida e brutalmente agredida com pedaços de pau, tijolos e chutes até morrer em via pública.
Dias depois, a polícia confirmou que o corpo encontrado era de um cachorro, e não de uma criança, desmontando totalmente a acusação.
Entre os presos está Francisco Cleidson de Souza Nunes, o “Nenen”, apontado como líder de facção criminosa e suspeito de ordenar o crime. Ele já estava detido no Complexo Penitenciário de Rio Branco.
Outros sete suspeitos foram presos no mesmo dia na Cidade do Povo: João Gabriel Lima do Nascimento, Judson Duque de Barros, Leliane Alves da Silva, Patrícia Castro da Silva, Maria da Liberdade Silva Siqueira, Ismael Bezerra Freire (ex-marido da vítima) e seu irmão, Misael Bezerra Freire. O nono envolvido, Gabriel Sales, o “Facão”, foi localizado e preso na última quinta-feira, 29.
Com mais de um mês de apuração e dezenas de depoimentos, a polícia solicitou a conversão das prisões temporárias em preventivas — o pedido foi acolhido pelo Ministério Público do Acre e homologado pela Justiça.
Sete dos indiciados responderão por homicídio qualificado e tortura. Ismael e Misael Bezerra Freire foram indiciados apenas por tortura. Todos permanecem presos à disposição do Judiciário.