A Polícia Civil do Acre indiciou o líder indígena Isaka Ruy Huni Kuî pelo crime de violência sexual mediante fraude contra a chilena Loreto Belen, que visitava a Aldeia São Francisco, em Feijó. A investigação, iniciada após denúncias feitas em junho deste ano, foi concluída e encaminhada à Justiça. A defesa do acusado confirma o indiciamento, mas contesta as acusações.
Segundo Loreto, os abusos ocorreram entre maio e junho, durante sua estadia na comunidade indígena. Em relatos publicados nas redes sociais, ela afirma ter sido vítima de pelo menos três tipos de violência sexual. A denúncia gerou ampla repercussão no estado. Isaka nega todas as alegações.
A advogada Laiza Camilo, que representa Isaka, afirma que não há provas de estupro ou de qualquer outra violação. Ela destaca que, embora tenha sido solicitada a prisão preventiva do líder indígena, o delegado responsável pediu sua revogação — uma decisão incomum, que segundo a defesa pode indicar dúvidas sobre a consistência da acusação.
A defesa também aponta falhas na investigação, como o desaparecimento do telefone da vítima, citado como uma das principais evidências. Para reforçar a versão de Isaka, testemunhas — inclusive internacionais — devem ser ouvidas ao longo do processo.
Isaka foi preso em 9 de julho, após se apresentar voluntariamente à Polícia Civil de Feijó para prestar depoimento. No dia seguinte, foi liberado em audiência de custódia e responderá ao processo em liberdade.
O crime de violência sexual mediante fraude está previsto no Código Penal e se caracteriza quando o autor manipula ou engana a vítima para obter consentimento para ato sexual, levando-a a acreditar que a situação é diferente da realidade.