Uma chacina ocorrida na tarde de quinta-feira, 7, deixou ao menos cinco mortos em uma propriedade rural na Vila Mapajo, cerca de 10 km do município de Capixaba, interior do Acre. O local, em território boliviano, é conhecido por abrigar foragidos da Justiça brasileira.
De acordo com informações da Polícia Civil, o crime teria ocorrido após uma reunião entre criminosos, que terminou em desentendimento. Armados, integrantes de um grupo assassinaram as vítimas e incendiaram a casa, carbonizando os corpos. O cenário encontrado pelas autoridades bolivianas e brasileiras foi devastador: tudo estava destruído pelo fogo e restos mortais eram devorados por porcos da propriedade.
A operação foi coordenada pelo delegado Aldizio Neto, titular da Delegacia de Capixaba, que mobilizou agentes da Polícia Civil e contou com apoio da Polícia Militar. No entanto, por estar em solo boliviano, a entrada das forças de segurança do Acre foi barrada pelo Exército da Bolívia, sendo necessária a atuação conjunta com a Polícia boliviana, acionada na Vila Evo Morales, em Plácido de Castro.
Segundo o delegado, no local foram encontradas partes de ossadas que podem pertencer a três das cinco vítimas. Uma delas seria o acreano Raimundo Nonato do Nascimento Oliveira, 33 anos, conhecido como “Nego Black”, natural de Tarauacá e foragido da Justiça. Há suspeita de que sua companheira também esteja entre os mortos.
As investigações apontam que o crime pode ter sido motivado por vingança. Meses atrás, “Nego Black” teria matado um boliviano, arrastado o corpo com uma motocicleta e atirado na mão do filho da vítima.
Os restos mortais recolhidos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Rio Branco, onde passarão por exames de DNA para identificação oficial.
O delegado Aldizio Neto destacou a dificuldade de elucidar o caso. “O crime é complexo e dificilmente será solucionado. Mesmo que identifiquemos os autores, por ter ocorrido em território estrangeiro, é improvável que a Justiça aceite pedidos de prisão sem provas robustas”, afirmou.
As autoridades ressaltam ainda que a Vila Mapajo é refúgio para diversos criminosos procurados no Brasil, e a impossibilidade de ação direta das forças de segurança acreanas dificulta a prisão dos envolvidos.