Um estudo publicado hoje (29) pelo MapBiomas, sobre os sítios arqueológicos do Brasil, revela que 89,2% desses locais no Acre tem atividades humanas no entorno. O Rio de Janeiro aparece em segundo, com 76,1%, e o Espírito Santo, com 75,4%.
Em contrapartida, Roraima lidera em sítios com maiores áreas de vegetação nativa nos arredores (87,6%), seguido por Piauí (78,7%) e Amapá (69,4%).
Acre, Rondônia e Pará foram os estados com maior perda de vegetação nativa ao redor dos sítios arqueológicos. No Acre, a área de vegetação nativa no entorno de 100 metros dos sítios arqueológicos diminuiu de 70% em 1985 para 10% em 2023.
“O cruzamento e a disponibilização destes dados abertos ao público ajudam a entender onde estes sítios estão localizados, se é numa área impactada por atividades humanas ou não, e também pode apontar para uma tendência de aumento de atividades antrópicas em alguma determinada região e a extensão desse aumento, o que pode nos gerar um alerta. Quando um sítio arqueológico está localizado em uma área antropizada, uma série de preocupações com a sua preservação e conservação devem ser observadas, e esse levantamento pode apontar para os locais onde devemos prestar mais atenção, ou tratar de maneira priorizada”, explica Thiago Berlanga Trindade, chefe do Serviço de Registro e Cadastro de Dados – SREC do CNA/IPHAN.
A localização dos sítios arqueológicos também foi cruzada com os alertas de desmatamento disponibilizados no MapBiomas Alerta. Entre o total de sítios arqueológicos, 122 tiveram alertas de desmatamento entre 2019 e 2024. A Caatinga foi o bioma com maior número de alertas (45), seguido do Cerrado (29), da Mata Atlântica (31) e da Amazônia (17). Os estados com maior número de alertas são Rio Grande do Norte (25), Paraná (19), Bahia (15), Tocantins (12) e Pará (9).
“A identificação dos sítios arqueológicos dentro de alertas de desmatamento permite analisar os sítios que foram descobertos e cadastrados durante o processo recente de ocupação e os que já haviam sido identificados anteriormente — distinção importante, considerando que o desmatamento pode danificar ou até destruir esses sítios. Quase dois terços (79 sítios arqueológicos) estão em áreas desmatadas para expansão das áreas agrícolas. No Rio Grande do Norte, estão 13 dos 19 sítios arqueológicos em alertas de desmatamento relacionados à expansão de projetos de energias sustentáveis (solares ou eólicas)” acrescenta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.