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Sanderson Moura alerta para gravidade dos erros judiciários em entrevista ao podcast Conversa Franca

Sanderson Moura alerta para gravidade dos erros judiciários em entrevista ao podcast Conversa Franca

Advogado criminalista relembra o emblemático caso dos Irmãos Naves e compara com episódios históricos de condenações injustas.

Na mais recente edição do podcast Conversa Franca, apresentado pelo jornalista Willamis França, o convidado foi o advogado criminalista Sanderson Moura, que trouxe uma reflexão contundente sobre os erros judiciários no Brasil e no mundo. Durante a conversa, Sanderson explicou as consequências devastadoras de uma condenação injusta tanto para a sociedade quanto para as vítimas desse tipo de falha no sistema judicial.

Ao ser questionado sobre um caso emblemático, Sanderson relembrou o trágico caso dos Irmãos Naves, ocorrido em Minas Gerais. O episódio, considerado um dos maiores erros judiciais do país, envolveu dois irmãos que foram presos e torturados para confessar um crime que jamais cometeram. Um deles chegou a morrer na prisão, enquanto o outro permaneceu encarcerado por anos até que a suposta vítima, dada como morta, reapareceu viva após duas décadas.

“Um dos irmãos viu a própria mãe ser estuprada na frente de delegados, numa tentativa cruel de forçá-los a confessar. É um dos casos mais revoltantes da história do Judiciário brasileiro”, declarou Sanderson, emocionado.

O caso dos Irmãos Naves foi retratado em livros, peças teatrais e no cinema, e ainda hoje é estudado em faculdades de Direito como exemplo de falhas irreparáveis do sistema de Justiça.

Durante o bate-papo, o advogado também citou o Caso Dreyfus, na França, eternizado na obra “Eu Acuso” do escritor Émile Zola, como outro exemplo marcante de injustiça. O capitão Alfred Dreyfus foi acusado de traição sem provas concretas, em um julgamento permeado por preconceito e interesses políticos. “Zola escreveu textos comoventes em defesa do capitão. É uma lição para toda a humanidade”, afirmou.

Sanderson ainda lembrou que grandes nomes da história também foram vítimas de julgamentos injustos, como Jesus Cristo, Sócrates e Galileu Galilei. Este último, por exemplo, foi condenado pela Igreja durante a Idade Média por afirmar que era a Terra que girava ao redor do Sol. “Galileu foi condenado por falar a verdade. Isso mostra o quanto fatores ideológicos e religiosos já interferiram — e ainda interferem — nas decisões da Justiça”, pontuou.

Segundo o advogado, o fanatismo, a intolerância religiosa e o dogmatismo são elementos que ainda hoje conduzem a julgamentos precipitados e condenações equivocadas. Para ilustrar, ele recomendou a leitura do “Tratado da Tolerância”, do filósofo francês Voltaire, que denuncia a condenação injusta de um homem acusado de matar o próprio filho em nome da religião.

“Os erros judiciários não são apenas falhas jurídicas; são tragédias humanas. E a sociedade precisa estar atenta para que o sistema não seja usado como instrumento de opressão”, concluiu Sanderson Moura.

A entrevista completa está disponível no canal do podcast Conversa Franca nas plataformas digitais e redes sociais.