O brasileiro Ramon Dino entrou definitivamente para a história do fisiculturismo mundial ao conquistar o título de campeão do Mr. Olympia 2025, o maior evento da modalidade, realizado em Las Vegas (EUA). O atleta superou o alemão Mike Sommerfeld e garantiu o primeiro título brasileiro na categoria considerada a “Copa do Mundo do Fisiculturismo”.
O prêmio da vitória? US$ 100 mil, o equivalente a cerca de R$ 550 mil. No entanto, o valor que Ramon realmente poderá levar para casa é bem menor — e o motivo está nos impostos cobrados no Brasil e nos Estados Unidos.
Bitributação: o peso fora do palco
Segundo o advogado Alexandre Silva, especialista em direito tributário, receber um prêmio fora do país não significa estar livre de impostos no Brasil. “Se você é residente no Brasil, deve declarar esse valor como rendimento no exterior e pagar imposto sobre ele todos os meses via carnê-leão”, explica.
O carnê-leão é o sistema utilizado pela Receita Federal para cobrar imposto de quem recebe dinheiro do exterior ou de outra pessoa física. A alíquota sobre esses ganhos pode chegar a 27,5%, o que, no caso de Ramon Dino, representaria uma cobrança de até R$ 151.250.
O pior, segundo o especialista, é que o fisiculturista também deve pagar impostos nos Estados Unidos, país onde o campeonato foi realizado.
“Como o Brasil e os EUA não possuem um acordo de bitributação, o atleta acaba pagando imposto duas vezes — uma lá fora e outra aqui”, explicou Alexandre.
Isso significa que parte do valor fica retida nos EUA, e o restante ainda é tributado novamente no Brasil. “É muita burocracia. O atleta treina por anos e, no fim, vê quase um terço do prêmio ser engolido pelo Leão”, completou o advogado.