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Presidente de organização indígena repudia possível violência sexual contra chilena em aldeia no Acre: “Que as autoridades olhem com seriedade para esse caso”

Presidente de organização indígena repudia possível violência sexual contra chilena em aldeia no Acre: “Que as autoridades olhem com seriedade para esse caso”

A coordenadora-presidente da Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sudamazonas e Noroeste de Rondônia, Gemina Brandão Borges, do povo Chiu Xanenau, manifestou repúdio diante da denúncia de violência sexual feita pela turista chilena Loreto Belén Manzo contra o líder indígena Isaka Ruy, da Aldeia Me Nia Ibu (São Francisco), povo Huni Kuî, no município de Feijó.

Gemina expressou solidariedade à vítima e reforçou o compromisso da organização com o combate à violência. “A gente, enquanto organização que representa as mulheres indígenas, tem seriedade nas denúncias que chegam até nós. Nos sensibilizamos com a dor da vítima e ressaltamos que não apoiamos nenhum tipo de violência, seja contra mulheres, meninos ou jovens indígenas, dentro ou fora das comunidades”, afirmou.

Loreto Belén relatou em vídeo publicado nas redes sociais que foi vítima de estupro durante uma vivência espiritual na aldeia. Segundo ela, os abusos começaram com toques íntimos durante um banho medicinal e culminaram em agressões físicas e sexuais em uma área isolada da floresta. A chilena registrou boletim de ocorrência no dia 23 de junho e apresentou vídeos como evidência. A Polícia Civil instaurou inquérito e está investigando o caso.

O delegado responsável, Dione dos Anjos Lucas, confirmou que a vítima foi ouvida, passou por exames médicos e apresentou registros audiovisuais dos momentos de abuso. Isaka Ruy nega as acusações e é procurado para prestar esclarecimentos.

Gemina Borges destacou que casos como esse afetam diretamente a economia das aldeias, que vêm se preparando para receber turistas em experiências culturais e espirituais. “É importante que as autoridades olhem com seriedade para esse caso e para qualquer outro que venha a ocorrer. Que haja apuração clara, transparente e acelerada. Se for comprovado judicialmente que houve violação de direitos, que os responsáveis sejam punidos, sejam indígenas ou não”, declarou.

A turista recebeu apoio do Departamento Bem Me Quer da Polícia Civil e do Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM), que atuam na proteção de mulheres em situação de vulnerabilidade.


A presidente da organização reforçou que práticas culturais não devem ser confundidas com abusos. “Essa prática cultural não se aliena com qualquer tipo de violência ou abuso. É preciso separar o que é tradição do que é violação”, concluiu.