No Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, o podcast Conversa Franca recebeu o médico da família e pós-graduando em psiquiatria da infância e adolescência, Mazinho Maciel, para um bate-papo profundo sobre a Síndrome do Espectro Autista (TEA). O episódio trouxe à tona não apenas avanços científicos sobre o tema, mas também relatos emocionantes da vivência pessoal do profissional, que é pai de uma criança autista.
Durante a entrevista, Mazinho compartilhou experiências clínicas e pessoais, incluindo a descoberta do diagnóstico da filha, Lara, que apresentou um quadro de autismo regressivo. “Ela vinha se desenvolvendo normalmente até os dois anos. De repente, começou a perder habilidades, como a fala, e entrou em um estado de mutismo. Foi quando percebi que algo não estava certo”, contou o médico.
Segundo Mazinho, um dos pontos mais importantes para o diagnóstico precoce está na atenção aos marcos do desenvolvimento infantil, como o início da fala, o controle motor e as interações sociais. “Os marcos do desenvolvimento indicam o que é esperado em cada idade. Quando há falhas nessas etapas, o profissional de saúde deve estar atento, mesmo que não seja especialista”, explicou.
O médico também alertou sobre sinais comuns que podem indicar o transtorno, como andar na ponta dos pés, uso disfuncional de brinquedos, interesse exagerado por movimentos repetitivos (como ventiladores), e estereotipias — movimentos repetitivos, como o famoso flapping com as mãos. “Nenhuma característica isolada fecha um diagnóstico. O autismo é um espectro, e se manifesta de forma única em cada indivíduo. Por isso, o diagnóstico é complexo e exige uma avaliação cuidadosa”, afirmou.
Mazinho destacou ainda os impactos emocionais que a descoberta do autismo pode causar na família, principalmente nos pais. “Existe um processo de aceitação e negação. É como um luto. O filho idealizado não corresponde ao que se esperava, e isso gera traumas profundos. Muitos casais não resistem à pressão, e os divórcios são frequentes. A mãe, na maioria das vezes, acaba ficando com toda a responsabilidade”, disse.
O médico reforçou a importância do envolvimento familiar no tratamento e defendeu a atuação conjunta entre pais, profissionais de saúde e escolas. “Trabalho com três pilares: família, terapias e escola. Todos devem estar alinhados no processo. Percebeu atraso no desenvolvimento? Não espere o diagnóstico final. Comece a estimular, procure um especialista. Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores são as chances de evolução da criança”, completou.
O episódio do Conversa Franca foi um alerta e também um convite à reflexão sobre a importância do olhar atento, do acolhimento e da informação no enfrentamento do autismo. A entrevista completa com Mazinho Maciel está disponível nas principais plataformas de podcast.