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Moradores denunciam supostos abusos durante operação do Ibama em área de assentamento no Amazonas

Moradores denunciam supostos abusos durante operação do Ibama em área de assentamento no Amazonas

Moradores do Projeto de Assentamento Pai Antimari, localizado no estado do Amazonas, na divisa com o Acre, estão denunciando o que classificam como abuso de autoridade durante uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que ocorre desde a última semana na região.

De acordo com relatos colhidos pela reportagem, as equipes de fiscalização estariam promovendo ações consideradas truculentas, como a queima de máquinas, destruição de acampamentos, apreensão de motosserras e, segundo os moradores, até o arrombamento de residências que estavam fechadas no momento da abordagem.

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“Entraram, arrombaram e levaram”

Ana Paula, moradora da comunidade há oito anos, descreveu momentos de tensão vividos pelos moradores. “O que está acontecendo aqui é um verdadeiro abuso de autoridade. A casa estava fechada, sem ninguém, e eles foram lá, arrombaram, entraram e levaram tudo. Tiraram motosserra, espingarda, sem ninguém estar presente. Isso é certo?”, questiona.

Ela compara a situação a um veículo com documentação vencida estacionado dentro de casa. “O Detran tem direito de ir lá dentro e apreender esse carro só porque ele está parado? Não tem. E é isso que eles estão fazendo aqui”, desabafa.

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Ana Paula também denuncia que, além do arrombamento, equipes teriam cortado fios de internet e ateado fogo em estruturas. “A gente já vive numa área sem energia, paga caro pela internet, e eles simplesmente cortam. Isso é desumano”, afirma.

“A gente não aguenta mais”

Outro morador, Cristiano, que vive no assentamento há oito anos, reforça as denúncias. “O Ibama está oprimindo os moradores. Queimam casa, queimam máquinas, embargam, multam e ainda mandam a gente retirar nosso gado. Tudo isso sem aviso nenhum. Chegam, encontram a casa fechada, arrombam e fazem do jeito deles, sem conversar, sem explicar nada. Por isso a gente está fazendo esse movimento, pra ver se eles param”, relata.

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Bloqueio na BR em protesto

Diante do clima de tensão, os moradores decidiram fechar a BR na altura do assentamento durante toda a terça-feira, dia 20. O bloqueio começou às 7 horas da manhã e só foi encerrado às 17 horas, após a chegada de uma autoridade do Ibama ao local, que se comprometeu a ouvir as reivindicações da comunidade e prestar esclarecimentos sobre a operação.

O protesto causou longas filas e interrompeu o tráfego na região por dez horas. Segundo os moradores, o ato foi uma forma de chamar a atenção das autoridades e da sociedade para o que eles consideram uma série de abusos cometidos durante a operação de fiscalização ambiental.

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O que diz o Ibama

Diante dos questionamentos, a superintendente do Ibama no Acre, Melissa, prestou esclarecimentos em uma reunião com os moradores. Ela explicou que a operação ocorre na área de Reserva Legal do assentamento, uma área de floresta protegida por lei, onde qualquer tipo de desmatamento é considerado crime ambiental.

“Essa operação não é aleatória. É resultado de um monitoramento por imagens de satélite, onde foi identificado desmatamento ilegal. Não são áreas pequenas, são grandes desmatamentos. Ontem mesmo foi autuado um desmate de 140 hectares. Isso não é área de subsistência”, afirmou.

Melissa destacou que a atuação do órgão segue critérios técnicos e que quem foi autuado não foi de forma aleatória, mas sim com base em planejamento prévio.

Sobre as denúncias de truculência, a superintendente afirmou que as equipes são orientadas a não cometer abusos. “Se, porventura, algum servidor extrapolou, a orientação é que os moradores formalizem denúncia na ouvidoria do Ibama. Isso será encaminhado à corregedoria, que apura qualquer desvio de conduta”, garantiu.

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Ela também esclareceu que não houve queima de casas, mas sim a destruição de acampamentos utilizados como base para o desmatamento, onde foram encontrados motosserras e equipamentos sem documentação, dentro da área de reserva legal.

“As motosserras apreendidas estavam sendo utilizadas em uma área onde o desmatamento é crime ambiental. Se alguém possui documento desses equipamentos, pode comparecer ao Ibama para regularizar”, informou.

Medo e tensão na comunidade

Apesar das explicações, os moradores seguem apreensivos. “A comunidade está aterrorizada. As pessoas estão com medo. É multa, é embargo, é pressão. A gente quer saber: onde ficam nossos direitos?”, questiona um dos moradores durante a reunião.

A tensão na região é crescente, e os moradores afirmam que vão buscar apoio de autoridades, órgãos de direitos humanos e meios de comunicação para que seus direitos sejam respeitados.

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