No mais recente episódio do podcast Conversa Franca, o jornalista Willamis França recebeu o advogado Kléberton Nogueira e o agente de polícia conhecido como Muniz, cunhado de Luciana Martins — assistente social e mãe de santo residente em Acrelândia — para apresentar a versão da família após as denúncias feitas por Luciana em participação anterior no mesmo programa.
Durante o episódio, Luciana afirmou que teve a guarda de seus filhos retirada por suposto preconceito religioso, em razão de sua fé de matriz africana, e também por sua orientação sexual. Ela acusou o Judiciário, o Ministério Público e o Conselho Tutelar de agirem de forma discriminatória e negligente diante de sua situação.
No entanto, segundo Muniz e o advogado Kléberton Nogueira, a decisão judicial que afastou Luciana da guarda das crianças foi baseada em provas materiais e em depoimentos das próprias crianças, que relataram situações de negligência, desnutrição, abandono escolar e possível exposição a riscos. “O processo possui provas concretas e está em segredo de justiça. Mas posso afirmar que a decisão judicial se deu com base no princípio do melhor interesse da criança”, explicou o advogado.
Muniz afirmou que a convivência das crianças com os avós — pais adotivos de Luciana — é estável e acolhedora. Ele relatou que, após a mudança das crianças para a residência dos avós, passaram a surgir relatos espontâneos sobre o que vivenciaram sob a guarda da mãe. “A Sofia, de 11 anos, passou a contar situações que nos fizeram levar os fatos às autoridades. As conversas foram gravadas sem que ela soubesse, como forma de nos resguardarmos diante da gravidade do que estava sendo dito”, explicou.
Acusações e denúncias
Luciana afirmou, no podcast anterior, que Muniz teria oferecido uma arma de fogo ilegal a ela para defesa pessoal. Muniz negou a acusação e anunciou que registrou um boletim de ocorrência por calúnia e difamação, oferecendo à ex-cunhada a possibilidade de retratação pública como alternativa a uma ação penal. “Não me lembro de jamais ter oferecido arma a ela, e se o fizesse, seria dentro da legalidade, com todo o trâmite previsto na legislação”, disse.
A assistente social também alegou que foi injustamente acusada de prostituição de menores em seu terreiro. Muniz confirmou que há denúncias registradas no Conselho Tutelar de Acrelândia sobre esse tema, mas frisou que não foram feitas por membros da família. O advogado Kléberton Nogueira, por sua vez, garantiu que o processo judicial não contém qualquer menção à religião ou à sexualidade de Luciana. “Nada no processo se refere a isso. O Ministério Público do Acre jamais aceitaria uma ação baseada em preconceito”, afirmou.
Sobre a filha Mariah, de 17 anos
Mariah, filha mais velha de Luciana, continua sob a guarda da mãe. Segundo Muniz, a jovem estaria em situação vulnerável. “Recebemos relatos de uso de álcool e possíveis relacionamentos com pessoas de má índole. Lamento profundamente, mas legalmente não posso fazer nada, já que não tenho a guarda”, declarou emocionado.
Resposta à acusação de intolerância
Um dos pontos mais contundentes do podcast foi a resposta à acusação de preconceito religioso. Muniz, que já frequentou terreiros e afirmou ter sido curado de uma doença através de um ritual espiritual, rejeitou veementemente a acusação. “Seria impossível eu ou minha família termos qualquer intolerância com religiões de matriz africana. Eu fui beneficiado por essa fé. Já frequentei terreiro, igreja evangélica, igreja católica. Respeito todas”, disse.