A Covid-19 não desapareceu e continua registrando casos em diversas cidades brasileiras, segundo alerta do presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo. Apesar de não ter o mesmo impacto do período mais crítico da pandemia, o vírus segue em circulação e preocupa principalmente os idosos, imunossuprimidos, gestantes e crianças pequenas, que formam os grupos mais vulneráveis a complicações.
Durante a 27ª Jornada Nacional de Imunizações, realizada em São Paulo, Chebabo destacou que a doença ainda exige atenção da população. “Hoje a Covid-19 atinge populações muito específicas. Para a maioria das pessoas, os casos são leves, mas para idosos e grupos de risco, ela segue sendo perigosa”, afirmou. Ele defendeu a manutenção da vacinação periódica e a testagem em farmácias e laboratórios como medidas individuais de prevenção.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que reúne mais de 85% dos laboratórios do setor suplementar, o Brasil registrou alta nos casos nas últimas dez semanas, com índice de positividade de 13,2% — o maior desde março de 2024. O aumento está relacionado à queda natural de anticorpos e ao surgimento de novas variantes, mesmo em uma população já vacinada.
Chebabo reforçou que a maioria dos óbitos ocorre em idosos, mas destacou também a gravidade da doença em crianças. Em 2024, foram registrados 82 óbitos infantis por Covid-19 no país. “As gestantes estão em grupo de maior risco, e sua vacinação é fundamental porque também protege o bebê até que ele possa ser imunizado”, explicou.
Especialistas também discutiram a possibilidade de combinar a vacina da Covid-19 com a da gripe. Segundo o professor Expedito Luna, da Faculdade de Medicina da USP, embora seja uma ideia promissora, ainda há obstáculos técnicos, já que os dois vírus apresentam comportamentos distintos.
“Na influenza já se conhece o ciclo sazonal, mas o SARS-CoV-2 ainda não mostrou um padrão claro. Hoje temos dois picos por ano no Brasil, o que dificulta a aplicação de uma vacina combinada”, avaliou.
A política atual do Ministério da Saúde recomenda que grupos de risco recebam duas doses da vacina contra a Covid-19 por ano, a cada seis meses. Para os especialistas, manter essa estratégia é essencial para evitar novas ondas de complicações, internações e mortes.