A Prefeitura de Rio Branco, por meio do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), concedeu coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira, na Estação de Tratamento de Água (ETA 2), para esclarecer à população sobre as dificuldades no abastecimento de água enfrentadas nos últimos dias. O motivo é o alto nível de turbidez do Rio Acre, que compromete a captação e o tratamento da água fornecida à capital acreana.
De acordo com o Saerb, a turbidez da água tem superado os 1000 NTU (unidade de medição de partículas suspensas na água), ultrapassando em alguns dias os 2000 NTU – número considerado totalmente fora dos padrões normais para tratamento. Para efeito de comparação, a capacidade máxima das estações de tratamento é de 800 NTU. A situação tem se mantido por nove dias consecutivos, desde 11 de outubro, o que é considerado atípico, já que esses picos normalmente duram no máximo três dias por ano.
Segundo o diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, diante da impossibilidade de tratar água extremamente turva, a solução foi reduzir a vazão nas estações para evitar o envio de água sem qualidade às residências. A produção, que normalmente chega a 1.600 litros por segundo, caiu para 1.300 e, em alguns dias, chegou a 1.200 litros por segundo.
“Nossas estações não foram projetadas para tratar lama, foram feitas para tratar água. E, quando a turbidez passa de mil, precisamos reduzir a vazão para manter a qualidade”, afirmou Enoque.
O gestor também explicou que, mesmo com essa redução, há regiões que permanecem desabastecidas por dias, como parte da Baixada da Estação, o centro e áreas da parte alta da cidade. Para minimizar os impactos, a autarquia tem adotado estratégias como a redistribuição de água, reduzindo o fornecimento contínuo em algumas áreas para compensar o abastecimento em outras mais críticas.
Enoque destacou que o problema é natural e recorrente, por ser um rio amazônico, mas que este ano o período de turbidez se prolongou anormalmente. Ele também reforçou o apelo à população para o uso consciente da água, lembrando que o índice de desperdício em Rio Branco é de quase 50%.
“Mesmo com toda essa dificuldade, a gente tem um desperdício altíssimo. Se não houvesse esse consumo irracional, conseguiríamos atender a todos, mesmo com 1.000 litros por segundo”, pontuou.
Defesa Civil acompanha situação e prepara plano de contingência
Presente na coletiva, o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou que a alta turbidez é provocada pela oscilação do nível do Rio Acre, que recentemente ultrapassou a marca dos dois metros e voltou a baixar. Isso faz com que sedimentos das margens entrem na água, dificultando o tratamento.
“Essa oscilação frequente é consequência de vários fatores, entre eles a degradação das matas ciliares e o descarte de impurezas no rio. Isso contribui diretamente para o aumento da turbidez”, afirmou Falcão.
Segundo ele, a Defesa Civil está em alerta e pronta para montar um plano de contingência caso a situação se agrave, com o objetivo de minimizar os impactos para os moradores afetados.
“A estabilidade do nível do rio é essencial para melhorar a qualidade da água. Se as chuvas continuarem irregulares, teremos ainda mais dificuldades”, completou.
Com a diminuição da chuva nas últimas 24 horas, o Saerb acredita que a turbidez comece a reduzir, possibilitando o aumento gradual da produção de água tratada. A expectativa é que a situação se normalize em até 90% já nos próximos dias, caso as condições climáticas permaneçam favoráveis.
Enquanto aguarda a normalização, a prefeitura reforça o pedido à população para evitar o desperdício de água, adotar medidas de economia e compreender os esforços técnicos e operacionais em curso para mitigar os impactos.