Nem mesmo uma decisão judicial expedida na véspera foi suficiente para impedir a mobilização de estudantes, vereadores da oposição e lideranças sindicais na manhã desta segunda-feira, 20, no Terminal Urbano de Rio Branco. Com faixas, tambores e palavras de ordem, o grupo protestou contra o transporte coletivo na Capital, pedindo melhorias urgentes no sistema.
A manifestação teve início por volta das 9h e chamou a atenção de usuários que aguardavam seus ônibus. Muitos se identificaram com as denúncias feitas pelos organizadores. “Queremos mostrar que essa luta é de todos. Não é só do estudante, nem só do trabalhador, é de quem pega ônibus todos os dias”, afirmou um dos manifestantes.
A ação ocorreu apesar de uma liminar concedida pela Vara Estadual do Juiz das Garantias de Rio Branco na noite de domingo, 19, que proibia os organizadores de obstruírem a entrada, saída ou as áreas internas do terminal.
A medida foi solicitada com urgência pela empresa Ricco Transportes e Turismo Ltda., atual concessionária do transporte público, sob alegação de que o ato colocaria em risco a prestação de um serviço público essencial.
Na decisão, o juiz Fábio Alexandre reconheceu o direito constitucional à manifestação, mas ressaltou que este não pode sobrepor outros direitos fundamentais, como o de ir e vir e o funcionamento de serviços essenciais.
“A função deste Juízo não é silenciar a voz dos manifestantes, mas atuar como um gestor do conflito social, estabelecendo as balizas para que a expressão democrática ocorra sem levar ao colapso de um serviço essencial”, afirmou o magistrado.
Apesar da proibição de bloqueios, o protesto foi realizado de forma pacífica e não causou paralisação das linhas de ônibus. Os manifestantes se concentraram em áreas públicas próximas ao terminal e usaram o espaço para dialogar com a população sobre os problemas do sistema.
Críticas à Prefeitura e à Justiça
Presente no ato, o vereador André Kamai (PT) fez duras críticas à Prefeitura de Rio Branco e ao Judiciário. Segundo ele, a tentativa de barrar a manifestação revela uma postura autoritária da gestão municipal.
“Esse ato é fundamental para que os estudantes possam denunciar a realidade do transporte coletivo. São os usuários, as pessoas que usam todos os dias o transporte, que sabem o que vivem: a dificuldade de ter ônibus que funcionem, que cheguem no horário, que cheguem até o destino, porque os ônibus normalmente quebram no caminho”, disse Kamai.
O parlamentar acusou ainda a Justiça de favorecer interesses empresariais. “Infelizmente, a Justiça, em conluio com a RICCO e com o prefeito Bocalom, conseguiu o direito de impedir a manifestação aqui na frente do terminal. É uma pena, porque a Justiça precisa olhar também para o contrato ilegal que a RICO opera até hoje na cidade de Rio Branco, para a falta de água nos bairros, para os bairros esburacados, para todos os desmandos que temos nessa cidade”, completou.