Familiares e amigos de Márcio Pinheiro, Carpegiane Lopes e Fábio Farias, vítimas de um grave acidente de trânsito na BR-364, próximo à Terceira Ponte, em Rio Branco, que tirou a vida dos três trabalhadores, realizaram na manhã desta sexta-feira, 30, um ato por justiça em frente ao prédio do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC). A manifestação, marcada pela dor e pelo sentimento de impunidade, teve início às 9h e reuniu dezenas de pessoas com cartazes, faixas e gritos de protesto.
Entre os manifestantes estava Gigliane Lopes, esposa de Carpegiane, uma das vítimas. Com voz embargada e segurando exames médicos do marido, ela clamou por justiça.
“A gente quer justiça. Quero que as autoridades façam alguma coisa. Que o Ministério Público entre nesse caso, porque isso não pode ficar impune. Meu marido ficou com a boca quebrada em três lugares. As imagens do acidente estão em São Paulo, mas por que não foram analisadas no dia? A velocidade que ele vinha era muito acima. Isso não foi um acidente, foi um crime”, declarou, emocionada.
Gigliane questionou ainda a atuação da polícia e a falta de medidas contra o condutor envolvido no acidente, que teria sido liberado pouco após a tragédia. “Eu tô cansada de ir na delegacia e escutar que ele não vai ser preso. Por quê? Por que ele não pode pagar pelo crime que cometeu?”
O protesto é o segundo organizado pelas famílias das vítimas, que denunciam falhas e omissões na condução do inquérito policial. O advogado das famílias, Walber Fontenele, apontou inconsistências graves na investigação.
“Desde o início, houve erros absurdos. O boletim da Polícia Rodoviária Federal aponta como condutor uma vítima que era garupa, e não sabia nem dirigir. Isso pode comprometer direitos civis. Além disso, não foi feita perícia para determinar a velocidade do veículo, mesmo havendo marcas de frenagem”enfatizou.
Segundo Fontenele, o inquérito ainda não foi concluído, e o andamento do caso tem sido lento, o que aumenta a revolta dos familiares. “Parece que o caso está sendo tratado como se fosse um acidente de bicicleta, quando, na verdade, foram três mortes. Nós queremos que o Ministério Público olhe para esse caso com a seriedade que ele exige. Três vidas foram perdidas. É inadmissível que isso caia no esquecimento”, disse.
Durante o ato, os participantes clamavam por justiça e seguravam cartazes com os rostos das vítimas e frases como “Justiça por Márcio, Carpegiane e Fábio” e “Isso não foi acidente, foi crime!”. O Ministério Público do Estado do Acre ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso ou sobre o andamento do inquérito, mas os familiares informaram que entregarão um documento formal pedindo intervenção direta do órgão.