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Perspectiva | Com Raphael Bastos Jr.

Os 12 desafios de 2021

Os 12 desafios de 2021

A mitologia greco-romana nos conta uma história sobre os 12 trabalhos que Hércules, o semideus filho de Zeus, deveria realizar como forma de penitência, buscando redenção por ter, em um ataque de ira, matado sua primeira esposa e filhos.

Refletindo este final de semana, observei algo similar acontecendo em nosso Estado, e ao que parece alguns vão precisar de redenção por seus atos com seus aliados e com nosso povo tão sofrido.

Assim, meu caro leitor, quero mais uma vez convidar você ao nosso exercício semanal de esvaziar nossas xícaras de conhecimentos e pré-conceitos e olharmos para os fatos sob outra PERSPECTIVA!

O atual Governo assumiu uma missão após as eleições de 2018: trazer dias melhores, avanço e desenvolvimento para nosso Estado.

As maiores expectativas foram lançadas no projeto que se propôs a expurgar o Partido dos Trabalhadores – PT do comando do Acre juntamente com seu modelo econômico baseado na “florestania”.

Porém, na prática, não foi o que ocorreu!!

Em 2019, enquanto os técnicos do quadro efetivo eram aproveitados, os aliados e militantes os chamavam de “petistas” por terem participados dos governos anteriores, e, por pressão, muitos foram afastados e hoje estão subutilizados no que chamamos de “geladeira”.

Optou-se por colocar novos quadros na condução das áreas estratégicas, muitos dos quais não tiveram humildade de pedir ajuda ou se atentaram que o Governo só tem quatro anos e precisavam entregar resultados de maneira ágeis e estão até hoje patinando para fazer a engrenagem pública rodar. Como consequência, passou o primeiro ano e junto com ele o primeiro verão sem termos sequer uma única grande obra para aquecer nossa economia.

Já em 2020, fomos surpreendidos com a pandemia do Coronavírus – a maior crise mundial de saúde – e houve a necessidade de adoção de medidas restritivas que debilitaram mais ainda nossa economia, circunstancia que acentuou o debate nacional: “Salvar Vidas ou Salvar a Economia?”.

O Governo deu respostas rápidas: construiu dois hospitais de campanha permanente, que se tornaram referência para o tratamento do COVID, boa parte dos servidores foram para o homeoffice, e outras secretarias essenciais optaram por realizar rodízio de profissionais.

O fato é que lá se foi mais um verão e nenhuma grande obra foi iniciada!

A pandemia não pode ser desculpa vez que as atividades ligadas à construção civil foram reconhecidas como essenciais e, logo, o Governo poderia perfeitamente ter iniciado e dado continuidade ao desenvolvimento de infraestrutura de que temos tanta necessidade.

Politicamente, o que se viu foi o governo aos poucos inserindo adversários (partidos e líderes) em funções estratégicas, e os aliados (partidos e líderes), que estavam na campanha do governo, foram sendo descartados. Um a um foram deixados de lado, sem mencionar os vários aliados que sequer tiveram a oportunidade de entrar e fazer parte do governo da mudança, ou será que vai optar pela continuidade dos velhos conhecidos?

A decisão de apoiar para prefeitura da capital uma adversária evidencia claramente esse sentimento que foi ganhando corpo, estamos vendo um governo melancia?

Chegamos em 2021 e os desafios parecem que vão ficando cada vez mais complexos, e vou evidenciar cada um deles que devem ser vencidos esse ano para que o Governo alcance a redenção e possa falar com mais tranquilidade de um projeto de reeleição, caso contrario não será mais que um governo de transição para um novo que traga um discurso de mudança e esperança concreta.

Vamos lá!

  • Vacinação: Atualmente, esse é o maior objetivo de todos. A vacinação em massa irá possibilitar que tenhamos nossas vidas devolvidas, que possamos retomar nossas atividades econômicas, atividades escolares e de lazer, sem a preocupação de que a qualquer momento poderíamos estar em um leito de UTI em busca de tratamento. O desafio é tão complexo que vai exigir um comprometimento do Governo Federal, Estados e Municípios para, de fato, alcançar ainda esse ano a imunização coletiva.
  • Colapso da Saúde: A segunda onda, juntamente com as variações do vírus, agravou, e muito, a situação do sistema público de saúde, vez que essa nova cepa tem um alto índice de transmissão e contágio, além de agravar mais rapidamente em pacientes até sem nenhuma comorbidade. Esse quadro fez com que hoje, os municípios de Rio Branco e de Cruzeiro do Sul ficarem com 100% de seus leitos de UTI ocupados, caminhando rapidamente para um inevitável colapso.
  • Educação Sanitária: Entendendo que nunca mais poderemos nos descuidar quanto a essas ameaças invisíveis, devemos massificar campanhas televisivas, em rádio e nas escolas que ensinem as novas práticas sanitárias, novos hábitos que devemos inserir em nosso dia a dia, que funcionem como inibidor preventivo de transmissões virais. Devemos atuar nessa estratégia preventiva para minimizar os impactos futuros e evitar novas ondas da atual pandemia e de outras epidemias que surjam eventualmente.
  • Iminente Crise Financeira: O fim dos incentivos fiscais do Governo Federal, o fim do decreto de calamidade pública e a suspensão das atividades não essenciais – o que deve acarretar em uma redução significativa de arrecadação –, além da retomada dos empréstimos e pagamentos para União este ano, sem dúvida vai exigir dos gestores um domínio maior das despesas.
  • Desemprego: O Acre alcança a marca de 50% da sociedade que vive abaixo da linha da pobreza e 18% que vive em situação de extrema pobreza, cerca de 57 mil desempregados (17,1%) – um recorde negativo. Temos, ainda, cerca de 133 mil pessoas que foram beneficiadas pelo auxílio emergencial e que agora não tem mais a ajuda da União e com as atividades não essenciais fechadas, nem tem de onde tirar seu sustento, deixando o Estado à beira de um colapso social.
  • Educação: Apesar dos avanços, essa continuará sendo uma área sensível, uma vez que precisamos garantir a qualidade do aprendizado mesmo em tempos de aulas remotas, pois as consequências disso a médio prazo para nosso Estado será devastadora, pois teríamos jovens sem o devido preparo para ingressar no mercado de trabalho. O desafio de infraestrutura das escolas e falta de internet de qualidade devem ser os pontos a serem superados em um momento tão delicado como este de pandemia.
  • Segurança Pública: Mesmo tendo índices menores de homicídios – naturalmente ocorridos por conta da pandemia –, nossa sociedade ainda não tem uma sensação efetiva de segurança: arrastões nos ônibus, assaltos com arma de fogo e crimes contra patrimônio são algumas das evidências de que o Governo deve ainda dar respostas efetivas nessa área que foi uma das principais promessas no período eleitoral.
  • Alagação: Fomos surpreendidos nos últimos dias com a alagação oriunda do transbordo do Igarapé São Francisco, fato que não ocorria desde 2004. Vale ressaltar que em visita ao Acre há exatamente um ano, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi apresentado projeto de revitalização (igarapé vivo), que até hoje não saiu do papel. Além da iminente alagação do Rio Acre e seus afluentes, que vão exigir mais eficiência e um efetivo plano de contingência para as famílias atingidas.
  • Desenvolvimento Infraestrutura: É evidente que superada a crise ocasionada pela pandemia, o debate que naturalmente irá entrar em pauta será geração de emprego e renda, pois estaremos com a economia do Acre totalmente fragilizada, e somente uma carteira de investimentos estruturantes poderia trazer a resposta imediata para aceleração econômica de que precisamos. Os projetos precisam sair do papel, as licitações precisam ocorrer ou perderemos mais um verão e os resultados de três anos de ineficiência nessa área poderão ser devastadores.
  • Crise Politica com a Bancada Federal: Ficou evidente na reunião ocorrida na última quinta-feira que existe uma crise entre o Governo e os parlamentares, sendo diversos os motivos: ataques aos parlamentares pela mídia do governo e por pessoas que compõe as equipes de cargos em comissão, a falta de capacidade técnica de elaboração dos projetos que estão represando os investimentos do Orçamento Geral da União – OGU, além da tentativa de associar a crise e o colapso da saúde à ausência de ajuda da bancada, o que é facilmente descaracterizado quando olhamos os volumes de aporte do Governo Federal na área de Saúde do Estado do Acre.
  • Slogan de Campanha: A frase usada em 2018 para fomentar esperança de dias melhores, sem dúvida, vai virar uma espada contra o Governo – “Dinheiro tem, só falta Gestão!” –, pois associava a ineficácia das politicas públicas e a falta de respostas aos anseios sociais à incompetência do Governo anterior. Porém, agora, o Acre dispões de mais de 3 bilhões de reis em recursos aptos em operações de crédito, Orçamento da União (Emendas parlamentares e de Bancada) e transferências (convênios e direta), e as respostas às mazelas ainda não chegaram na ponta, e certamente a sociedade vai se perguntar: “Se tem dinheiro, o que faltou?”.
  • União dos Aliados: Esse último desafio, sem dúvida, será o divisor de águas para o Governo, já que durante sua gestão os partidos aliados foram atacados, os mandatários estaduais e federais foram desprestigiados e ainda se viu adversários emblemáticos na condução do governo, o que tornará essa fórmula de união uma das mais difíceis a ser encontrada, pois não faltarão motivos para que haja um verdadeiro desmonte da aliança que levou o atual Governo a desbancar a antiga Frente Popular do Acre (FPA).

Depois de elencar todos esses desafios, só resta uma pergunta:

Conseguirá o Governo superar cada um desses desafios e entrar em 2022 com chances reais de buscar uma nova oportunidade de conduzir o Acre?

Acompanhe nas próximas semanas e vamos descobrir juntos.