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Perspectiva | Com Raphael Bastos Jr.

Contemplando um novo olhar na política

Contemplando um novo olhar na política

Grande parte da sociedade associa a palavra “política” meramente ao processo eleitoral, ao jogo ideológico e partidário, ou ao simples fato de promoção pessoal realizada pelas pessoas e/ou entidades com fins de interesse futuro no processo de disputa de cargos eletivos. Outras pessoas acreditam ser “política” as ações realizadas pelos nossos representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Porém, meu caro leitor, quero mais uma vez convidar você ao nosso exercício semanal de esvaziar nossas xícaras de conhecimentos e pré-conceitos, e olharmos para os fatos de outra PERSPECTIVA!

Somente após todas essas novas experiencias adquiridas decorrentes da pandemia somos capazes de entender a frase dita por Leonardo da Vinci: “A simplicidade é o último grau da sofisticação”. Assim, aplicando o conceito de eficiência a essa frase, acredito que nossa forma de olhar para a política também deverá sofrer mutações D.C. – Depois do coronavírus.

Essa pandemia despiu os países mostrando suas fragilidades diante de um inimigo invisível, além de evidenciar as limitações de seus governantes. Estamos assistindo a países economicamente considerados de primeiro mundo – verdadeiras potencias mundiais – sendo maltratados pelos efeitos do coronavírus, milhares de vidas se perdendo pela limitação dos sistemas de saúde, a falta de materiais básicos como máscaras de proteção, avental, etc, e tendo os Estados Unidos que recorrer para Lei de Guerra para que as indústrias automobilísticas parem suas produções e fabriquem respiradores, um cenário visto até então somente nas produções cinematográficas.

Um equipamento como o respirador mecânico pode representar o direito de um ser humano de lutar pela vida, que um leito de tratamento intensivo é mais importante para uma economia que os pacotes de incentivos anuais oferecidos pelos governos às grandes indústrias, pois de que adianta produzir se não existirem consumidores? Se a insegurança pela vida muda os padrões de consumo numa sociedade?

Hoje todos enxergamos a importância desses heróis sem capa – mas de jaleco –, que são os profissionais da saúde, os quais se expõem diariamente para ajudar a trazer esperanças aos que contraíram esse vírus e que são verdadeiros anjos que de posse do seu juramento por salvar vidas, tendo muitos sacrificado as suas próprias para garantir que não perderíamos essa batalha.

Porém, todas essas constatações só vão trazer resultados efetivos se nós aprendermos a escolher melhor os que nos guiam, se entendermos que política pública tem que ser eficiente e eficaz, atendendo ao bem comum e não somente a interesses pessoais ou partidários. Que os nossos representantes devem não só parecer se importar com os problemas do povo, mas devem ter preparo técnico e emocional para enfrentar esses desafios que a qualquer momento podem nos assombrar, e vou agora lhe dizer os motivos dessa minha afirmação.

Todos sabem que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e que exportamos diversas commodities como carnes bovinas, suínas e frangos, trigo, soja, laranja, açúcar, café e tantas outras coisas. De acordo com o Ministério de Agricultura, nossos maiores compradores são China e Estados Unidos, exatamente nessa ordem.

Quando fazemos política através do dialogo e com pensamento em resolver os problemas comuns, o correto a se construir com esses países seriam acordos internacionais, por meio da Câmara do Comercio, ou do Ministério de Relações Exteriores, com articulação do Senado Federal e participação da Câmara Federal, para que esses países nos atendessem com parte de sua capacidade de fabricação de respiradores mecânicos e, em contrapartida, dar-se-ia condições especiais sobre a comercialização das nossas commodities, como congelamento de preço ou até mesmo ampliação e flexibilização para entrada ,via importação, de produtos de interesses daqueles países.

No Acre, temos um ativo mundialmente valorizado que poderia também ser utilizados como “moeda de barganha” para nos colocar em condições de salvarmos mais vida: somos os únicos no Brasil aptos a negociar os créditos de carbono, oriundos da nossa floresta que está em sua maior parte preservado em nosso Estado.
O Governo, juntamente com os Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, poderiam estar construindo isso com os Países que assinaram o Termo de Acordo de diminuição de emissão de gases na 21ª Conferência das Partes (COP-21), que aconteceu em Paris no ano de 2015.

Países como Alemanha e Reino Unido que já tem, por meio do Banco KFW, contrato de compensação desses créditos de carbono com Estado do Acre, além de estados americanos que sabemos que não conseguiram reduzir suas emissões, sem dúvida se interessariam em abocanhar uma parte desse crédito em troca de suprimentos de saúde, equipamentos e apoio financeiro para enfrentarmos em condições melhores essa pandemia.

Quem não queria ter em sua economia verde o discurso de que ajudou a salvar vidas na Amazônia Legal, contribuindo diretamente para manutenção do meio ambiente e atendendo as clausulas impostas no acordo firmado em 2015?

Quando ampliamos nossa percepção de política entendemos como é pequeno pensar que a alocação e liberação de emenda impositiva é algo que mereça algum tipo de relevância. Ao contrário, deveria ser visto como uma obrigação dos parlamentares, pois eles são eleitos para exercerem os seus cargos no Legislativo e essa nada mais é que uma das atribuições dos cargos de Deputado e Senador, de modo que a alocação desse recurso seria feita por qualquer um que estiver exercendo o cargo.

Agora é grande pensar que uma construção de acordos internacionais e até nacionais que possam beneficiar nosso povo, isso sim seria algo a ser noticiado e aplaudido, tamanha iniciativa, capacidade técnica e de articulação política para materialização de tal feito.

Quando o Governador e os Prefeitos se limitam a cumprir suas obrigações constitucionais com a saúde e a educação, e tem a visão que essas politicas públicas são despesas obrigatórias, e não possuem um planejamento efetivo de melhoria, de evolução, que mostre algum avanço ordenado de médio e longo prazo para essas áreas tão essenciais, autoridades que não fique somente resolvendo os problemas de curto prazo. Que o pagamento em dia da folha dos servidores públicos não se torne mais motivo de orgulho do político, quando na verdade esse só está cumprindo sua obrigação, devendo ser punido pelos órgãos competentes quando não o fizer, e não ser admirado pelo povo por fazer essa que é primeira de suas obrigações.

Chega de nossa sociedade se contentar com tão pouca entrega. Acredito que toda essa crise veio com um propósito, um recado duro, porém verdadeiro, que a vida está nos dando e que se nós não soubermos melhorar nossas escolhas, pagaremos com sangue de pessoas inocentes.

Hoje conseguimos enxergar que os cargos, a barganha por poder, de nada servem para salvar aqueles que necessitam de atendimento. Que ser amigo ou aliado do poder não faz existir novos leitos de UTI para atender um familiar necessitado.

Dessa forma, caro leitor, quero que você construa bem uma consciência de que vamos precisar dialogar muito, com todos e com mais qualidade. Conhecer os projetos e prioridades de todos aqueles que, após essa pandemia, quiserem nos representar. Não vamos aceitar mais do mesmo! Precisamos ir além das promessas vazias e discursos eleitorais para garantir que se por ventura a vida quiser nos colocar à prova novamente, não sofreremos da mesma forma.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa, e esperar resultados diferentes”