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Perspectiva | Com Raphael Bastos Jr.

Amplie sua visão e construa sua oportunidade

Amplie sua visão e construa sua oportunidade

Após uns meses afastados da boa prática da escrita, nos quais, admito que senti muita falta, foi um hábito que tive que sacrificar até aqui, mas que agora tenho o privilégio de retornar com mais uma coluna para que, assim, os dois ilustres leitores – sempre em referência ao mestre Ray Melo que detém o feito único de ter três leitores, e eu ainda não estou no seu nível meu amigo, então aceito satisfeito esses dois! – que apreciam nossa coluna possam se debruçar e desenvolver junto comigo o desenvolvimento de análises de maneira mais qualificada.

Quero de maneira humilde convidar você a falarmos hoje de um tema que não perpasse diretamente sobre gestão dos governos Federal, Estadual e Municipal, sobre políticas públicas, condução da pandemia ou sobre a pauta política eleitoral, que foram até aqui pontos de motivação das colunas anteriores, sempre buscando trazer uma visão mais ampliada sobre esses temas, aprofundando algumas informações que normalmente não são acessíveis facilmente por quem não trafega na esfera pública, e colocando sugestões para que, de alguma forma, os governantes e seus gestores de primeira hora pudessem corrigir ou até mesmo melhorar suas ações e conduções.

Justifico aqui a minha decisão de retornar hoje a escrita fora desse nicho, devido a minha convicção de que as três esferas do Poder Executivo estão muito aquém do mínimo necessário para oferecer a nossa sociedade uma alternativa real de enfrentamento dos medos (morte e fome) que estão afligindo a mente e os corações de centenas de milhares de famílias acreanas. Assim, vou optar por tentar seguir por um caminho mais desafiador, vou semear uma semente para buscar uma mudança e inversão de valores na mentalidade, principalmente dos jovens, que acredito que vão ser eles sim o futuro do nosso amado Estado e de nossa nação. Claro que toda a abordagem que irei transcorrer nesse breve texto, se aplicado corretamente, irá ampliar a visão de todos que assim quiserem.

Assim, meu caro leitor, quero mais uma vez convidar você ao nosso exercício de esvaziar nossas xícaras de pré-conceitos e olharmos para os fatos sob outra PERSPECTIVA!

Aos que não me conhecem sou acreano, nascido em Rio Branco, e desde pequeno ouço da minha mãe que deveria estudar, pois somente a educação iria me gerar oportunidades de mudança de vida. Ouvia, ainda, que bem sucedido seriam aqueles que após a conclusão de seu ensino superior tivessem êxito de já passar em um concurso público, pois nas carreiras públicas se encontra um conceito de estabilidade, certeza de que todos os meses o “salário” estaria garantido, ainda poderia crescer e ocupar funções gerenciais, enquanto se preparava para o próximo concurso buscando sempre carreiras que remunerassem um pouco a mais.

Apesar de falar isso constantemente, o que minha mãe sonhava era em ter um filho médico, bacharel em direito, que trabalhasse em algumas das nobres carreiras que tem notório reconhecimento na sociedade, e que tem os melhores salários dada a nobreza de suas funções.

Reconheço também a nobreza dos servidores públicos. São pessoas que dedicam suas vidas – ou deveriam dedicar! – em prol da coletividade, da implementação das politicas públicas que devem beneficiar todas as pessoas sem distinção de instrução, raça ou classe social, e esses bons profissionais fazem jus aos vencimentos que recebem e sempre zelando pela ética moral em suas profissões.

Confesso que por muita insistência de minha mãezinha, ainda cheguei a realizar um concurso público, para Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tive o privilégio de ser aprovado, porém a ideia de ficar “preso” em um único local de trabalho durante décadas, ainda que com a tal estabilidade financeira nunca me brilhou os olhos, tanto que não entreguei minha documentação e não assumi a vaga para que fui aprovado.

Aliás, nem mesmo as melhores carreiras do serviço público, com as mais altas remunerações, naquele momento, eram suficientes para me motivar a trilhar esse caminho. Desde criança sempre fui um sonhador, mesmo tendo origem humilde. Nunca enxerguei na minha situação de momento algo que me limitasse o sonho de ir além, e buscar construir uma vida de conquistas e realizações maiores que as realizadas até então pela minha família.

Perdi meu pai ainda no ensino médio, com 15 anos, e precisei começar a trabalhar para auxiliar na renda e sustento familiar. Iniciei minha carreira profissional como autônomo fazendo limpeza e dando manutenção nos computadores de familiares e amigos e tive meu primeiro vínculo em um estágio na Prefeitura Municipal de Rio Branco, aos 17 anos, ainda “calouro” na Universidade Federal do Acre. Pouco tempo depois fui convidado a ser programador na equipe de desenvolvimento da Prefeitura e no mesmo ano fui selecionado para dar aulas durante a semana – no período noturno – na recém-inaugurada Escola de Formação Técnica Campos Pereira, experiência que me abriu diversas portas.

Pela minha facilidade com as matérias ligadas às Ciências da Natureza e com conhecimento de informática mais profundo, fui dar aulas em Organizações Não Governamentais (ONG’s) e projetos sociais e, pouco depois, em cursos preparatórios para vestibulares e concursos públicos. Mas foi em 2008 que de fato me identifiquei com algo, que me deu um novo rumo a vida que outrora sonhava mais que não sabia até aqui que caminho seguir para alcança-la.

Em abril daquele ano abri minha primeira empresa para vender meus serviços especializados na área de tecnologia, desenvolvimento de sistemas, manutenção de redes de computadores, servidores e segurança da informação. Tinha como principal cliente uma grande faculdade, que tive o privilégio de trabalhar por longos anos, sendo a parceria tão bem-sucedida que a administração da faculdade me convidou a prestar consultoria em todas as suas instituições de ensino fora do Estado do Acre e, por intermédio dela, prestei serviços a instituições financeiras e tantas outras empresas no Acre e no Brasil.

Fiz esse breve relato da minha história de vida porque acredito na máxima que a fala convence, mas o exemplo arrasta. De fato, minha mãe estava certa com uma coisa: seria somente por meio dos estudos, da educação e do conhecimento que mudaríamos nossa vida, que sairíamos do estado de pobreza e privações para hoje termos uma vida tranquila e confortável, onde já realizamos boa parte dos sonhos e desejos que tínhamos naquela época.

Hoje com empresas no Acre e em São Paulo, atuo no mercado nacional em várias frentes distintas, aprofundei-me em conhecimento, não me limitei à área de formação acadêmica, fiz especializações em planejamento estratégico, em gerenciamento de projetos e por ultimo em gestão e desenvolvimento de pessoas. Estudo e atuo há mais de 07 (sete) anos no mercado financeiro, investimentos e gestão financeira e acredito que essa última deveria ser matéria inicial na formação de nossas crianças.

A busca por conhecimento deve ser algo que não deve de maneira alguma esfriar em nossa jornada de vida. O mundo vive constante transformação. A internet e o acesso mais intenso às informações nos obrigam a sermos profissionais mais dinâmicos e mais atentos às mudanças que o mercado nos impõe.

Não poderia deixar de citar que diversas outras pessoas/profissionais estão atuando fora do nosso Estado do Acre e muito me orgulha conhecer e manter amizade com vários que estão tendo sucesso e ocupando cargos em empresas sólidas, que estão em multinacionais ou até mesmo seguiram a linha de abrir seus próprios negócios e lhes garanto: se existe algo que o Acre é competitivo com todos os Estados da Federação é na geração de mão de obra qualificada, geração de inteligência e na inovação.

Exatamente aqui fica minha semente aos jovens e a todos os leitores desse texto: busquem sair da “caixinha”, ampliar seu campo de visão, e quebrar os paradigmas familiares. Vivemos em um Estado em que predomina a economia do “contracheque”, onde a circulação e distribuição de renda depende direta e indiretamente do poder público, do pagamento dos servidores e das politicas que ele decide implementar e investir.

Hoje o Estado do Acre já se encontra em grande desequilíbrio no tocante às despesas com pessoal. Um déficit exponencial na Previdência vem preocupando ano após ano e com a provável Reforma Administrativa que deve mudar as regras para novos cargos de agentes públicos. Some-se, ainda, a própria Reforma da Previdência, aprovada pelo Governo Federal, fica a cada dia menos atrativo aos que ainda pretendem trilhar o caminho das carreiras públicas, pois com as novas regras não se aposentariam com a integralidade de seus vencimentos, ficando, assim, limitados ao teto previdenciário definido pelo Governo Federal e teriam que contribuir por mais de 30 (trinta) anos para fazer jus a esse teto.

A inovação tecnológica, o conhecimento sobre finanças e a busca por descobrir cedo suas habilidades – aquilo que você faz de melhor e com prazer – devem ser despertados o quanto antes em nossas crianças e jovens, de maneira a lhes oportunizar chances de desenvolverem negócios e criar, para si, condições para uma vida mais digna sem necessariamente esperar algo do poder público.

Existe SIM vida inteligente no Acre! Digo isso, pois fui alvo de muito preconceito e de brincadeiras que diziam: “Não sabia nem que o Acre existia, ainda mais que tinha vida inteligente lá!”.

Pois bem... existe conhecimento e muita experiência a ser gerada no Acre, e tenho a convicção de que esse deve ser o maior ativo que temos em nosso Estado: um povo aguerrido, criativo e inovador. Só precisamos acreditar e valorizar tais atributos para que de fato possamos mudar, ainda que de maneira lenta, o futuro de nossos filhos e netos.

O Segredo do Sucesso é confiar em si, aproveitar as oportunidades quando existir e ousar em criar/trilhar caminhos onde não existem, somente assim você será capaz de romper a bolha e ir além do horizonte.