O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), em uma iniciativa pioneira, lançou uma campanha com a participação da influenciadora russa Aleksandra Shogenova — residente no Acre e com mais de 200 mil seguidores no Instagram — para alertar sobre o assédio virtual, que já é considerado crime. A campanha — intitulada “Assédio Virtual É Crime” — visa conscientizar a população sobre os riscos e consequências dessa forma de violência, além de orientar mulheres sobre como buscar apoio e denunciar casos que as afetam.
Aleksandra Shogenova, que mora no Acre desde 2022 e enfrentou, em 2024, mais de 15 mensagens diárias com conteúdo xenofóbico e obsceno, abriu o debate ao denunciar esse abuso, emocionando e mobilizando sua audiência . Sua experiência tornou-se símbolo da urgência de enfrentar as violências digitais, que atingem especialmente mulheres e pessoas de diferentes origens.
Panorama do assédio virtual no Brasil
• Um estudo realizado com mulheres de 13 a 24 anos em nove países revelou que 75 % delas já sofreram violência e assédio online, e 11 % enfrentam isso diariamente .
• No âmbito nacional, a pesquisa “Além do Cyberbullying: A Violência Real do Mundo Virtual” (Instituto Avon e Decode) apontou que:
• 38 % dos casos envolvem assédio em interações virtuais;
• 24 % envolvem ameaças de divulgação de imagens íntimas;
• 50 % dos casos envolvem mensagens não consensuais de cunho sexual;
• 84 % dos casos de stalking são praticados por ex-companheiros .
• Segundo estimativas da ONU, 95 % de todas as agressões e difamações online têm mulheres como alvo .
Esses dados demonstram o caráter sistêmico e crescente da violência digital contra mulheres, justificando a necessidade de campanhas como esta do MPAC.
A campanha também informa canais oficiais seguros para denúncias, oferecendo suporte imediato às vítimas:
• Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, gratuita e disponível 24 horas por dia, por telefone, WhatsApp ou Telegram. Em 2023, as denúncias cresceram 23 % em relação a 2022, totalizando 114,6 mil chamadas, frente a 87,7 mil no ano anterior .
• Disque 100 – Canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, recebe denúncias de violações de direitos humanos, inclusive online. Encaminha os casos às autoridades competentes .
• Delegacia de Polícia Civil – As vítimas podem registrar Boletim de Ocorrência presencialmente ou online. No Acre, funciona a Delegacia Virtual do MJSP, que abrange ambiente virtual e redes sociais .
• SaferNet e Humaniza Redes – Plataformas online que recebem denúncias anônimas de crimes cibernéticos, como assédio ou exposição indevida de imagens.
“Ligue 180 ou Disque 100, procure a delegacia ou use recursos como a SaferNet. Salve provas (prints, links, mensagens)—e denuncie. Nossa campanha e o MPAC estão juntos com você.”