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ARTIGOS

A jogada precipitada de Alan Rick no xadrez da direita acreana

A jogada precipitada de Alan Rick no xadrez da direita acreana

Ao tentar se antecipar ao bolsonarismo, o senador apostou no partido errado e agora se vê fora do tabuleiro principal

O lançamento da candidatura de Flávio Bolsonaro, anunciado ontem pelo próprio Jair Bolsonaro direto da carceragem da Polícia Federal em Brasília, movimentou o tabuleiro político do Acre de forma imediata. E quem sentiu primeiro o impacto foi o senador Alan Rick, que vinha tentando construir um protagonismo próprio dentro da direita local, mas acabou exposto pela própria pressa.

Alan Rick acreditou estar fazendo uma jogada de mestre ao migrar para os Republicanos. Imaginou que Tarcísio de Freitas seria o nome natural do bolsonarismo à presidência e que, ao se filiar ao mesmo partido, garantiria um padrinho nacional robusto, coerência política e um apoio orgânico no Acre. Ele viu a chance de encaixar suas peças no tabuleiro antes de todo mundo — como se estivesse enxergando lances que os outros não viam.

Mas política não é xadrez para iniciantes. E a realidade tratou de mostrar que o senador ainda está longe de ser um grande estrategista. Jair Bolsonaro, mesmo preso, continua sendo o único comandante real do bolsonarismo. Seu movimento de lançar Flávio Bolsonaro reorganiza o jogo de cima para baixo. E quem não está dentro do PL simplesmente perde centralidade.

O efeito local é direto: a pré-candidatura de Tião Bocalom ao governo ganha musculatura e clareza. O PL já tinha estrutura, capilaridade e narrativa; agora tem também o alinhamento com o novo comando nacional da direita. Márcio Bittar se consolida como nome ao Senado. E Alan Rick, que apostou alto fora do PL, descobre que está jogando com peças menores do que imaginava.

Ao se antecipar e tentar construir sozinho a liderança da direita acreana, Alan Rick fez justamente a jogada que um iniciante costuma fazer: mexeu a peça certa, mas na hora errada, no tabuleiro errado e sem calcular a resposta do adversário. Achou que estava dando um xeque, quando na verdade estava abrindo seu próprio flanco.

A política é cheia desses erros de leitura: quem acredita que inteligência tática substitui o peso do alinhamento nacional acaba descobrindo que, no jogo real, timing é tudo. O senador quis ser esperto, quis ser rápido, quis ser protagonista — mas acabou apenas precipitado.

Agora, o que se vê é um Alan Rick isolado, fora do eixo principal da direita local, sem o palanque nacional que imaginou ter e com uma narrativa frágil para defender sua movimentação. No tabuleiro do bolsonarismo, apenas uma regra nunca muda: é a família Bolsonaro que define os lances decisivos. Quem tenta se antecipar, perde a vez.

Alan Rick não perdeu só uma jogada. Perdeu posição.
E, no xadrez político acreano, posição é o que define quem joga — e quem apenas assiste.

João Marcos Luz é filiado ao PL e apoaiador de Jair Bolsonaro