A BR-364, que liga Rio Branco ao Purus, Tarauacá-Envira e Juruá, nunca foi apenas uma estrada. Desde o início, foi pensada como um instrumento de integração do Acre. Sempre foi um desafio de engenharia — nunca esteve perfeita de ponta a ponta — mas, ao longo dos anos, recebeu investimentos para construção, manutenção e reconstrução.
Porém, entre 2019 e 2022, tudo isso foi jogado à própria sorte.
Nesse período, a BR foi completamente abandonada. O que antes era um esforço contínuo virou silêncio, buracos, poeira e lama. Contratos foram suspensos e o povo das regiões mais distantes quase voltou ao isolamento.
Mas o mais grave não foi o abandono da estrada — foi o abandono político. As preocupações simplesmente não existiam. Nenhuma audiência, nenhuma cobrança, nenhuma caravana, nenhuma pressão. Agora, com os investimentos para manutenção e reconstrução já garantidos, aparecem fiscalizadores e arautos da indignação. Tentam, desesperadamente, virar os “pais da obra”. A turma sabe muito bem que os recursos estão previstos. Mas querem posar de corajosos, colher louros onde nunca plantaram sequer um discurso — imagine uma emenda.
Os números mostram a verdade, entre 2019 e 2022 foi investido R$ 432 milhões nas BRs do Acre. E entre 2023 e 2025, já foram alocados R$ 1,24 bilhão.
Estive presente na audiência pública da Assembleia Legislativa do Acre, onde o superintendente do DNIT no estado, Ricardo Araújo, apresentou os dados com clareza. Ali ficou evidente o compromisso do governo Lula com a reconstrução da BR-364. Mais do que promessas, há projetos executivos, tecnologia adequada (como a Macadame Hidráulica), orçamento autorizado e frentes de trabalho trabalhando e sendo mobilizadas. Agora existe um plano, um método e uma vontade política real de recuperar a estrada e manter os trechos que ainda não serão reconstruídos.
Reconstruir a BR-364 não é um capricho técnico: é uma urgência social. Ela é o único elo entre as cidades do Purus, Tarauacá-Envira e Juruá com o restante do estado. É por ela que passam alimentos, medicamentos, estudantes, pacientes e toda a esperança de desenvolvimento regional. Abandoná-la foi um ato político grave. Reconstruí-la, como está sendo feito agora, também é.
Por isso, é preciso denunciar o oportunismo de quem sumiu nos anos difíceis e agora grava vídeos como se estivesse indignado. O povo do Acre não deve esquecer quem realmente está resolvendo os problemas da lama, do atoleiro e da necessidade. Nem deve se enganar com os engenheiros do depois.
A BR-364 será mantida e reconstruída não por pressões, mas porque o povo do Acre, enfim, voltou a ter um presidente que escuta, investe e constrói. O presidente Lula.
*Cesario Braga é superintende do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Acre.